11/25/2002

Mosaicos
Quando eu era criança, antes de entrar para a escola, eu morava numa pequena casa alugada na periferia do Rio de Janeiro. Não me lembro bem o nome do bairro, mas sei que a rua se chamava Cruz Alta. Era perto de algumas obras do rio Guandú, uma rua de terra que terminava num cemitério. Minha família morava na parte de baixo da casa e, em cima, vivia a família que era dona do imóvel.
Havia um chão de cimento, cheio de cacos coloridos de azulejo, pedaços quebrados de todas as espécies, todos jogados sem critério, num mosaico feio e sem graça. Eu deitava no chão para brincar e tinha vontade de remanejar os caquinos para que assumissem outras formas. Mas não era possível.
Um belo dia, quando fui reformar minha casa, fiquei com vontade de derrubar as paredes e fazer uma espécie de portal no lugar de cada parede. E tive a idéia de colorir os portais com pedaços coloridos. Mas desta vez, eu mesma escolhi as cores. Quebramos tudo em pedaços, fiz os desenhos e designei cada cor. Era a realização de um desejo de mais de trinta anos. Gostei muito do resultado, ficou alegre. As pessoas que visitam minha casa, logo que abrem a porta de entrada, vêem os portais e logo comentam seu colorido. Só sei que é a minha cara. É a minha história.

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