5/26/2004

Compaixão

Eu tenho pena das pessoas desavisadas, aquelas que entram num restaurante japonês e pedem uma pizza de calabreza e insistem em solicitar uma picanha mal-passada numa lanchonete vegetariana. Dizem que a inteligência é justamente a capacidade de percepção holística com a correspondente capacidade de adaptação insantânea: você logo percebe onde está e dentro desta realidade encontra suas soluções e saídas.

Por isso não levo a sério os comentários de pessoas que entram numa coluna de humor dentro de um site trash como o humortadela e esperam encontrar um texto politicamente correto, puro, sensível, humanitário, que não critique ninguém, que leve em conta toda a política nacional e as injustiças sociais, e que, ainda assim, seja hilariantemente cômico.

Às vezes tenho a impressão que a Liga das Senhoras Virgens da Direita Conservadora anda lendo meus textos e deixando comentários por lá. Fico imaginando se essas pessoas, sempre que lêem uma revista de culinária ou assistem a um programa de receitas e gastronomia, escrevem para os editores perguntando como eles têm coragem de falar em alimentos fartos quando tantas criancinhas passam fome no Brasil. O que a gente quer é acabar com a fome no Brasil não é acabar com a comida.

E nem com os cozinheiros!!





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