6/28/2003

Do bichinho para a comida

Tem coisas que todo mundo sabe mas ninguém diz. Um exemplo, Jornal Nacional de Sábado.Todo mundo sabe que aos sábados, a pauta do Jornal Nacional é a pior da semana.
Até bem pouco tempo, sábado era dia de bichinho. Tartarugas com três pernas e uma rodinha, a extinção do mico leão dourado, a reprodução em cativeiro d euros panda gigantes.
Agora, é só nutrição. Hoje já teve a taxa da gordura para investir em programas de combate à obesidade infantil nos Estados Unidos seguida da matéria nacional sobre as benesses da banana verde.

O Fantástico também segue a mesma linha. Das doenças passou para o comportamento e agora, para a nutrição e a estética. Se bem que, estou falando por falar, não assisto o Fantástico há alguns meses.

Sábado é dia de trivialidade.
Vamos a ela, então.

dinheiro no mundo inteiro

Toda vez que eu vejo uma reportagem sobre as contas de Paulo Maluf no exterior, fico mais estupefata. Conta na Suiça, conta na França, conta em vários paraísos fiscais, negócios e contas em Lichtenstein.

Mas o incrível não é isso. Incrível é a energia que este septagenário tem de dizer que não tem contas no exterior. De negar que tenha contas no exterior.
Muitas, de fato, estão em nome do filho dele. Mas o jeito com que ele afirma não ter contas no exterior, nos faz pensar que ele desprogramou em seu cérebro o sentido da palavra exterior. Para ele, talvez, exterior queira dizer outra coisa, como por exemplo, Marrocos. Assim, toda vez que ele diz eu não tenho conta no exterior, ele diz eu não tenho conta no Marrocos, o único lugar onde parece que ele não tem mesmo conta.



Todo mundo quer ser magro

Os magros estão cada vez mais magros. As magras, estão todas anoréxicas, com aquele queixo finíssimo, típico da doença.
As pessoas que sofrem de obesidade mórbida, todas, estão acreditando mais na eficiência da cirurgia de redução do estômago.
Acabei de ler que o Fat Family vai passar um mês num spa. Querem ficar mais magros para o lançamento do próximo CD.
Em alguns casos, é mesmo saúde e bem estar. Em outros, é obsessão.
Mas a magreza continua sendo o desejo que mais mobiliza a indústria do mundo inteiro, ao lado do desejo de ser sempre jovem.
Sempre jovem, sempre magro.
Sounds good.
Especialmente se der pra ser sempre rico.
Os tratamentos de beleza sao caríssimos.

Uma semana no la Pairie custa 10 mil dólares. Cada pote de creme da mesma marca, com 160 gramas sai por US$ 400. Mariangela Bordon, dona da Ox, por exemplo, diz que usa para o rosto .

Num mundo que só privilegia a beleza e mais nada, acho que em breve, vão dizer que Einstein era um imbecil porque era feio.

bem descrito

O texto de Sandra Soares sobre o desentendimento entre Datena e Milton Neves é muito bom. Claro, bem escrito, com deliciosos toques de ironia.
Porém, se existe um lugar onde qualquer pessoa de bom senso prefere ficar neutra é nesse assunto.

eufemismo

a emissora carioca, é a rede globo. .
a bela, pode ser qualquer uma. a morena, idem .
a narração da moça cujo nome eu agradeço a Deus por não saber (e nem quero!) é insuportável. imploro de joelhos para que meu marido mude de canal. mas diz ele, as opções são... isso ou crime.
ou nada.
então, nada.
agora é moda discutir o nível da programação da tv.
mas só discutir.
ninguém quer melhorar nada.
são poucos os que têm interesse numa televisão melhor.
enquanto isso, três das quatro meninas entrevistadas que eu vi, tiveram que jogar o cabelo pra trás pra fazer o raciocínio pegar no tranco.

outra coisa que me intriga, é como os apresentadores chamavam as matérias sem usar o verbo "conferir". a apresentadora, no caso,
já chamou 4 materias usando confira agora, você confere agora e agora, você confere.

será que ela vai chamar a próxima matéria pedindo pra conferir? vou conferir!

ah, sim, consegui ver algo pior na tv agora, um comercial do chiclé de bola, valda.
muito péssimo.
superado apenas pela 'espontaneidade' do rigotto dando entrevista no comercial do psdb.
mais muito péssimo ainda.

Tudo Avon

Estou assistindo ao programa Tudo Avon, na rede TV!, que você pode ver também pela internet, no site redetv.com.br .
Este é o penúltimo programa que eu apresento. No ultimo bloco do programa do dia 5 de julho, passo o comando para a apresentadora e modelo internacional Laura Wie.

Continuo no programa, pautando, roteirizando e liderando o projeto. E também continuo fazendo o Momento Tudo Avon, na Hebe.

Como eu saí da AllTV porque o programa exigia exclusividade, agora, eu até poderia voltar!
Luchetti disse que as portas estão abertas.
Seja o que Deus quiser.



don't worry, be happy

só pra avisar passei muito, muito mal, melhorei. estou bem.
até mais!

6/27/2003

ai que demora!
demora um tempão entre o momento em que a gente clica o botão do post & publish e a hora em que finalmente, o texto vai pro ar.
por que?

Sundown Falso. Cuidado.

Ainda bem que é inverno. E que foi em Belo Horizonte e Goiânia, onde não tem mar. Poderia ser bem pior se fosse, por exemplo, no verão do Rio de Janeiro. Piorar, sempre pode. Mas já foi ruim o bastante, porque em Fortaleza tem muita praia e o produto chegou lá também: falsificaram Sundown fator 30 .

A Johnson's & Johnsons's soube pelos consumidores.
É isso aí. Ninguém vai cuidar da gente. Só a gente mesmo.

B de Strong

Comunicação é assim mesmo.

A morte de Walter Hugo Khouri já chegou à capa do UOL. Mas a chamada fica embaixo do nome do canal "Diversão e Arte". Tudo bem, a vida dele estava ligada isso. Abro a página e vejo um imenso banner vermelho, no alto da página, onde se vê um produto em oferta, em não sei quantas vezes de não sei quanto, sob o título Publicidade. Ah, que gentil...!Não precisava... Por que foram se incomodar? Eu já tinha percebido que aquele retângulo comprido vendendo coisas era um banner publicitário. Quem foi que achou que eu ía confundí-lo com conteúdo? Obrigada, a este ser tão preocupado.

Enquanto arrastava as sobras da minha pessoa, hoje, operando do lado avesso, ouvia uma calorosa discussão sobre a baixaria na TV, na Rádio Eldorado AM. Foi bom enquanto durou. Mas a gente sabe que, quando acaba, nada acontece mesmo. Tudo orbita em torno do poder.Quem tem poder, faz e pronto. É tão fácil acabar com a baixaria na programação brasileira quando é fácil convencer os parlamentares a abrirem mão dos 25 mil reais extras aos quais têm direito, para que participem no mês de julho de uma convocação extraordinária.

Tudo bem. Comunicação é assim mesmo. Segunda feira a gente começa a mudar tudo.
A começar com essas idiossincrasias do sistema Dano. Agora que corrigi o problema dos acentos no post, o mesmo acontece no título. Não dá pra usar cedilha na barra de título. Só clicando em B, de Strong.
Morre Walter Hugo Khouri
Acabei de ouvir na CBN.
Fui correndo procurar minhas fotos dos anos 80, quando viajei com Walter e Cornélia Herr, minha amiga, atriz dos filmes de Walter,
para Gramado.
Não encontrei.
A notícia ainda não saiu na capa do UOL.
Mas será um grande destaque.
Porque Walter foi um grande artista.
Bom dia

Assisti recentemente um filme sobre o corpo humano, em 3D, explicando todas aquelas coisas milagrosas que vão desde o encontro do óvulo com o espermatozóide até a digestão e o crescimento de pelos.
O encontro do espermatozóide com o óvulo é sempre lindo, embora pareça tão díspar e desproporcional quanto sexo entre um elefante e uma formiga. Ou melhor, uma elefanta e um formigo.
O surpreendente é que, no instante da concepção, os dois trocam informações contidas no DNA do pai e da mãe, como se fosse um download mútuo. Num primeiro momento dá a impressão que o óvulo vai ganhar, e todo mundo vai ter a cara da mãe. Mas a lutadora de sumô parece ter o mesmo diante do acaso que determina quem vai ser como, mesmo diante do girino sortudo que cruzou a chegada.

Mas não foi a cena de reprodução que me veio à cabeça, hoje, foi a da digestão. Agora, que já virei do avesso e dei a volta ao mundo das calorias em 80 hugos, consigo entender melhor a importância deste sistema complexo que é o digestivo. Imagino que, como no meu caso, quando algo tóxico, que pode comprometer a vida, chega ao estômago, misturando orégano velho com a má vontade da mocinha que serviu o pratinho, os sistemas internos de alarme devem soar loucamente. Mais do que aqueles alarmes de carro que disparam no meio da noite cortando o sono em dois.

Estou um pouco melhor, obrigada. O mundo também parece um pouco mais ... hóspito. Hóspito? Qual é a negação da negação 'inóspito'? Deve ter a ver com hospitalidade, hospitaleiro, e portanto hóspito. Estou com preguiça de sair daqui e procurar em outra página.

Também lembrei, nos meus delírios nauseabundos (escrevi isso agora mesmo pro Giovanni no icq...estou delirando ainda...) que quando você estiver lendo esta parte, estas palavras e estas letras, todas as que estão imediatamente abaixo ainda não terão sido escritas. Sim, poderia ser diferente já que a edição é não-linear. A gente pode voltar e alterar tudo. Médio, porque com um grande número de leitores, qualquer virgula alterada terá uma testemunha. A linearidade só serve para textos solitários.

Agora que já estou um pouco melhor, vou tentar organizar os pedaços sobreviventes, levar tudo pro chuveiro e ir para o trabalho. Hoje é dia de dentista. Hoje é dia de viagem. Hoje, é dia de índio. Hoje é dia de trabalho. Todo dia é dia de trabalho.
E a gente ainda tem que agradecer por ter um.
Obrigada, Senhor.


PS - pesquisando uma imagem para colocar aqui tive algumas constatações de que realmente tem muita gente pervertida no mundo. não é na rede, é no mundo. só que algumas, mais ousadinhas, fazem questão de exercer sua doença, o exibicionismo sexual, publicamente.
acho que vou ficar enjoada de novo.
bleargh.

Hoje
A capa do UOL fica muito parecida com o jornal de papel, às vezes, porque troca muito pouco as manchetes. Rearranja algumas de baixo pra cima, do lado pra baixo, mas no fundo, é tudo a mesma coisa.
O vício em notícias ficou tamanho que, nem as mais recentes novidades parecem novas. Tudo velho.
Lançamento do novo filme do Hulk? É novo, mas é velho. Eu vi muito o outro Hulk verde, que parece uma ervilha perto na figura de 6 metros de altura do novo Hulk, uma melancia histérica.
Manchetes sobre o Lula? OK, agora ele é situação, presidente, mas não é de hoje que eu leio críticas ao Lula nos jornais. Tudo velho.
Mulheres gostosas, piadas de macaco, aumento de preço? De outros carnavais.
Sem contar as brigas de audiência, as brigas entre apresentadores, as acusações mútuas e a guerra entre Globo e SBT, agora pelos direitos de uso do Reality Show. Big Big Shit, grande coisa. Na Inglaterra o povo acordou e não liga mais isso. Cairam na Reality e se encheram do show.

Infelizmente, a única e trágica notícia que parece nova, que nos abala de uma forma como jamais d'antes vista, é a morte do jovem jogador da seleção de Camarões. A primeira suspeita é a de que tenha sido um aneurisma cerebral. Mas foi muito chocante, ver aquele rapaz, respirando com dificuldade, na maca, diante de uma câmera que, quase, flagrou sua morte. Vendo aquela cena, a gente torcia para que ele não parasse de respirar.
Mas ele não conseguiu. E parou.

A notícia de sua morte foi seguida do resultado do jogo e da dúvida sobre a continuidade da copa.
A vida segue. Com suas boas e velhas notícias, com suas novas e más notícias, sem notícias.

No meu pequeno mundo, continuo com as mesmas dificuldades.
E, também pra mim, a única novidade do momento é um enjôo secular, antológico, mesozóico, atávico.
Que, se Deus quiser, como as notícias, vai passar.


Bleargh

Não posso nem ver comida. Nem notícia. Nem luz. Nem nada. Acho que vou teclar de olhos fechados, já que desde os anos 70 eu datilografo sem olhar pro teclado.
Depois da tempestade vem a bonança e depois do trabalho vem o cansaço. Depois da noitada vem o revertério, depois da bebedeira vem a ressaca e
depois de não sei o quê vem este enjôo horroroso que está me roubando a capacidade de existir em pé.
Não bebi, não comi nada em especial, não sei qual foi o antes que me deixou neste péssimo depois.
Só tenho um suspeito, um sanduba de padoca que comi ontem no almoço. Parecia inofensivo, mas vai saber, a cara da mocinha que trouxe o rango não
era das mais bem intencionadas.
Estou péssima, péssima.
Parece que tenho uma botina no estômago e um funil no esôfago. Uma cobra enrolada nas vísceras, um porco-espinho na garganta.

Bleargh.
Hoje, estou na fase antiga do Léo Jaime, que um dia pensou, a vida não presta.
A vida presta.
Eu, presto.
E um estômago novo, me empresta?

6/26/2003

Gravata
Não sei se foi por causa do dia do Mídia ou o quê, mas ontem, este prédio vizinho do meu, onde trabalho, na Vila Olímpia, San Pablo,
estava assim:
Ajuda
alguém pode me mandar um email dizendo por que, neste novo sistema Dano, não é possível usar o tag
target="_blank" para abrir links em novas páginas?
SBT condenado a pagar Globo
Por plágio do BBB.
No Dol
saco saco saco
naum to entendendo. eu publico, não sobe. eu apago, fica.
eh enlouquecedor um computador insubornidado e um software rebelde.
DEMORÔ

há uma discrepância de tempo entre o momento em que a gente publica ou modifica e o instante em que, finalmente, isso é postado. antes, era instantâneo.
diminuiu?

eu já subi vários arquivos com mais de 1 mega de tamanho no blogger.com.br
que eu saiba, bastava ser menor do que 3 mega (ou eram dois?) e o arquivo subia.
até mp3.
agora, tentei subir um pequeno vídeo e....recebi esta mensagem:



será que a estratégia inicial da globo.com, de oferecer o blogger.com.br com armazenamento gratuito de arquivos, vai,
lentamente, sendo...extinta?

agora, vou ter que fazer o video mais levinho.
insistirei.

zipados,
fatima.zip
fatiminha.zip




bunitim

o delicado colar de continhas que a Fátima Bernardes está usando esta noite, para apresentar o Jornal Nacional, parece ter vida: conforme ela vai
falando, a caixa torácica vai se movimentando e, com ela, as continhas vermelhas, que ficam pululando.

gracim.
efervescente

notícias maravilhosas, idéias, geniais.
não dá pra dizer, mas hoje é um dia, especial.
coisas estão acontecendo.
preste atenção na noite.
há sinais no ar de que os caminhos se abriram.
tenha fé.
noooossa
não sei o que está acontecendo mas blogar virou uma complicação, um mar de problemas.
ok, um laguinho, não vamos exagerar.
mas que tá meio confuso, está.
e a outra metade, complexa.

update - agora que corrigi os erros dos acentos, tudo ficou normal e a piada visual, as palavras erradas, perderam o sentido.
incrível como podemos errar nos acertos e acertar nos erros.
Aquele abraço
Para a Angela Scott Bueno, que me mandou um email contando que a Bia do Bia Badaud, ensinou a ela como colocar os acentos. Em seguida, abri o
email da Luciana N. Hikawa, que também me ensinou a corrigir este pequeno problema com a publicação via Dano.
O que tinha danado, desdanou, e agora, acho que está tudo certo.
Acho.

testando

café com açúcar,
geléia no pão.
coração, fígado, pulmão.


saco.
testando
. café com açúcar, pão com geléia, centímetro e centopéia.
.médico, coração, pulmão.
.são paulo, belém, ribeirão.

saco.
UE...
E O BLOGGER.COM.BR AGORA TAMBEM ESTA EM MANUTENCAO..
AI MINHA SANTA IZILDINHA DAS PARANOIAS, PROTEGEI-ME DAS MANIAS DE PERSEGUICAUM!
Migrou!

que simpatico.
eu ja tinha usado o Dana, Dano, Dani, esqueci o nome agora. antes das oito nao da pra fazer sinapse.
mas o que era b de bold virou strong, embora o s?mbolo ainda seja o B em Bold mesmo,maiusculo e macho paca.
No mais,tudo azul.
Valeu o aprendizado de n?o deixar post 'pra baixo' no topo da pagina. Porque se acontece alguma desgraça, como
a migraç?o que torna tudo inacess?vel, fica aquela tristeza l? em cima, bandeira empunhando a desgraça.

felizmente, migrou.
até ja.

ei, perae!!!
OS ACENTOS VIRAM PONTOS DE INTERROGACAUM!!!

SOCORRO, COMO EH QUE FAZ?

EH PRA GENTE SE SENTIR OBRIGADA A MIGRAR PRO BLOGGER.COM.BR ??

6/25/2003

erro médico
pensei que a lata de chocolates que abrimos em casa ontem, e que continha insetos voadores, era um grande absurdo.
infelizmente, sem tempo de pegar o carro e ir até cumbica onde foram adquiridos, e já tendo jogado no lixo a nota fiscal da compra, agi como a grande maioria dos
consumidores: joguei a lata na outra, a de lixo, e fim de papo.
mas absurdo mesmo é a notícia que o querido leitor Flávio Júnior, de Goiás, enviou por email, a de um erro médico ocorrido em Goiânia e denunciado pelo jornal O Popular.
a idéia aqui não é fazer um concurso de absurdos mas deixar bem claro que é esta a realidade que vivemos. e que é esta realidade que precisa ser modificada.
com denúncias, com protestos, com manifestações, com sindicâncias, com punições.
que a gente seja mortal, ok, já sabíamos.
mas a idéia é morrer de velhice e não de chocolates contaminados ou erros médicos como realizar cirurgias nos membros errados.
se Deus mandar um email pra mim, vou mandar o link pra Ele também.
Juro
que já apaguei mais de seis vezes um email de spam que ensina a hipnotizar qualquer pessoa.
mas ele volta. e volta.
e volta.
será que era um só e... eu já estou hipnotizada..
Constantinople!
Madagascar!!
Doh!
Na versão original em papel, o Caderno 2 do jornal O Estado de SP, traz a fonte da palavra Caderno em preto e, o número 2, em azul, uma sutileza que Homer Simpson nunca perceberia. Nem que percebesse, não se sensibilizaria por este detalhe. Homer Simpson é matéria da última página deste caderno, uma tradução do Sunday Times, enaltecido como um dos personagens mais queridos e que melhor representa o americano de classe média.
Homer nasceu em 56, pelo texto, o que o transforma num quarentão do século XXI.

Curiosamente (adoro usar este advérbio, porque além de cumprir sua função literária, abre uma portinhola para o mundo mágico das curiosidades...), no mesmo caderno, há uma outra matéria, chamando para a estréia de uma peça de teatro no Teatro Folha, no Shopping Pátio Higienópolis, sobre homens nascidos nos anos 60. Embora eu goste muito do Léo Jaime, um dos autores desta 'colagem' coletiva, não acredito que eu atravesse a rua numa noite dessas para ver a peça. Passei a vida convivendo com toda a minha geração, essa, que nasceu na passagem dos anos 50 para os 60 e que, em pleno 2003, lutam contra o fato de estarem novamente no túnel que nos transporta para os 50 outra vez. Desta vez, para os 50, anos de vida.

Em ambos os casos, dizem que estamos todos confusos e perdidos, que não somos exemplos disso e daquilo e colocam nossos problemas como se fossem crimes individuais. Estranho, porque eu achei que depois de cinco milênios de civilização e uns mais alguns bilhões de anos do planeta todo mundo já tivesse chegado a conclusão de que não somos mesmo perfeitos e que de médico e de louco temos todos um pouco. Se bem que, sejamos realistas, a gente tem cada vez menos de médico e mais de louco.

Claro que Homer Simpson não é um modelo ideal para ninguém. Pergunte a qualquer homem se ele prefere ser alto, magro, bonito e saudável ou baixo, gordo, feio e doente e veja uma estatística com 100% de alternativa a). Mas Homer está ali para nos lembrar, a cada dia, que não dá pro cara ser um Brad Pitt nem pra mulher ser uma Gisele Bündchen. Porque se a mulher se esforçar muito, gastar muito, passar dos limites da sanidade em busca da perfeição escultural, tudo o que ela vai conseguir é virar uma Ângela Bismarck num Super Pop. Não adianta ter as medidas certas. Descrevendo, Ângela é alta, loira, peituda, bunduda, pernuda, tem cintura fina, rosto fino e lábios grossos, mas o que é esta mulher de fato? Quem quer ser Ângela Bismarck? Você quer? E que homem a quer? Você?

A mídia projeta o ego. A mídia multiplica a presença. A mídia cria a ilusão de que podemos ser tudo isso que sonhamos, lindos, jovens, altos, fortes, importantes, poderosos e amados. Passamos a ser assunto, mesmo que para isso a moça tenha que fica magra como um vara-pau, com aquele queixo de mulher anoréxica. Tem uma modelo tão magra mas tão magra que, se vestir um terninho verde claro, vira um louva-Deus.

Melhor mesmo é ler a matéria sobre a longevidade dos Europeus, que nos ensina que comer queijo e tomar vinho pode nos dar uma vida mais saudável. Os espanhóis vivem mais e os Italianos, são mais saudáveis. E olha que os espanhõis fumam desbragadamente, dá até medo, todo mundo fede cigarro. No entanto, a média de vida é de até...82 anos. Nada mal, morar em Barcelona, Madrid, comer, fumar, beber, ir à praia, sair, fazer muito sexo, passear, curtir boa música, viajar e viver até os 82! Ou viver até os 79 e passar a vida na Itália comendo, bebendo, rindo e celebrando.Dá até vontade de comer uma massa no almoço.

Jovem ou velho, europeu ou americano, o fato é que estamos todos um pouco perdidos. O que não é grave.
A vida é uma experiência empírica, o jeito é esse mesmo, aprender com os erros e seguir em frente.
Sentiu que não vai dar, não força. Viu que a coisa ficou preta, sai de fino. Doeu, pára. Errou, conserta.
Não tem muito mistério.
No meio do caminho, a gente vai encontrando gente que diz coisas legais, gente que deixa coisas boas, gente que enriquece, gente que apavora. Tem de tudo nesta feira,
geléia geral, caldeirão cultural, patê de carne humana, tem de tudo.
Felizmente, tem sempre também, gente sacada que diz aquelas frases geniais.
Ontem, um grande amigo online, mandou uma frase pungente e até dolorosa, mas muito real, que ele ouviu da própria boca do Helio de La Peña, dos Cassetas, para falar
da vida blogueira. Disse Hélio:
- Blog é coisa de gente sem mídia.
Blog, talvez, seja coisa de quem quer mídia. E não tem. Ou já teve e perdeu. Ou está em busca de ter. Ou que tem mas acabou. Ou que odeia mas ama.
Na verdade, blog É mídia.
E talvez por isso as pessoas acabem brigando nos blogs como os apresentadores de tv brigam ao vivo nas premiações.

Todo mundo quer viver o máximo em tempo e conquistar o máximo em espaço.
Então, boa notícia: um dia teremos todo o tempo do mundo, pois seremos eternos.
Um dia, teremos todo o espaço do mundo, porque seremos etéreos.

Bom dia.





boa noite
antes que hoje vire amanhã.
detesto acordar no mesmo dia que fui dormir.
a gente tem que dormir num dia e acordar no outro.
a gente acorda no dia SEGUINTE ao que foi dormir, esse é o normal.
já disse isso mil vezes.
detesto ser repetitiva!

6/24/2003

a frase que salvou meu dia...
cora rónai, querida, me enviou um presente, uma frase do Millôr, um lembrete amigo que me acordou:
- Não amplie a voz dos imbecis!
Boa, Cora.
Boa, Millôr.
uol anti pop up
é o fim, o fim, o fim, o fim.
instalei o anti-spam do uol pra ver.
primeira coisa que aconteceu, não consegui mais abrir nenhuma janela no chat do ig. queria entender por que só 6 pessoas participavam do chat com o léo áquila.
reconfigurei a barrinha do uol para abrir as janelas do ig.
mas...quando fui para a home do UOL, abriu um pop up de publicidade!!!
o anti pop up do UOL não bloqueia os pop ups do UOl???
sacanagem!
e como desinstala a maldição?
fim

não precisa ligar a tv agora pra ver que o mundo acabou.
é possível confirmar o fato também pela internet.

mas nós somos responsáveis por esse fim de mundo.
ou não?

UOL, Ig e Detecta
Compramos o detecta da Telefônica. Não funcionou. Reclamamos, ninguém se importou. Parece que hoje alguém ía aparecer. Mas não apareceu.
Para não ser injusta, vou consultar as bases domésticas para saber em que pé está a situação.

update - vão trocar o aparelho.
melhor assim.
SARS
Se até Hong Kong foi retirado ontem da lista dos países com SARS, se restou apenas o estado de atenção em Taiwan e no Canadá, por que então a Anvisa continua inspecionando os vôos que chegam da Europa, contra a SARS, obrigam os passageiros a preencher um longo documento, além de exigir que as linhas aéreas passem um 'spray' na aeronave?
boi na linha
não sei se era eu, o servidor, ou o famoso sei lá, mas não consegui acessar o blogger.com o dia todo.
eu, besta que sou, fiquei tentando inutilmente, várias vezes, colocar uma notícia no ar, só para fazer um trocadilho idiota:
o verdadeiro boi na linha.
peço perdão pela bobagem, mas para mim, tem todo um sentido pessoal...
Serendipity

Quando trabalhava na Rede Mulher, aqui em São Paulo, na época em que a emissora pertencia á família Montoro, de Araraquara, conheci uma pequena e maravilhosa loja que ficava no caminho até meu trabalho. A loja ainda está lá e chama-se Serendipity.
Não me lembro de ter conhecido esta palavra antes de conhecer a loja e foi sua proprietária quem me explicou o sentido da palavra. Em inglês, serendipity descreve o fenômeno de encontrar coisas agradáveis ou de grande valor, sem que você estivesse procurando por elas. O nome é perfeito para a loja de presentes. Você entra lá sem procurar nada em específico e acaba encontrando objetos para a casa, jóias feitas à mão, roupas costuradas artesanalmente, velas, tudo.

A palavra sempre reaparece em minha vida mas com muita discreção, sem fazer alarde. Se Serendipity fosse uma mulher, definitivamente não seria perua.

Hoje, ouvindo o programa Espaço Informal na Rádio Eldorado AM, com Gioconda Bordon, a palavra apareceu novamente. As informações que o entrevistado deu não foram precisas ou corretas pois ele disse, no ar que serendipity era uma palavra nova, tão nova que nem constava ainda dos dicionários de inglês. E que, apesar de ter 'pesquisado' sua origem e raiz, não encontrou nada.

Não deve ter procurado direito porque é só entrar no site do dicionário Webster e digitar serendipity, com um clique encontrará não só a explicação da palavra como sua origem:

- o conto de fadas Persa, chamado As Três Princesas de Serendip.


Este conto exótico, contada por uma antiga princesa do Sri Lanka, inspirou o novelista e político inglês Horace Walpole, a criar o termo serendipity, numa carta ao diplomata britânico, outro Horace, Horace Mann. A carta data de 28 de janeiro de 1754. O sentido dado à nova palavra era o da combinação de sagacidade com acaso numa descoberta inesperada.

Serendipity também é o nome de um filme com John Cusak. Encontre mais de 300 mil resultados no google procurando.

Mas não é importante quem disse, ou se disse certo ou errado. O importante, a lição contida na própria palavra é este 'encontro por acaso', essa descoberta maravilhosa e inesperada que ela proporciona. Uma pessoa improvável, num lugar que talvez eu nunca fosse, anunciando uma palestra da qual não participarei, numa rádio que ouvi no carro. E, no entanto, trouxeram de volta esta palavra de volta.

Assim, por caminhos tortuosos e questionáveis, reencontrando o acaso, a sagacidade, a sorte, a descoberta.
Serendipity. Me deu até vontade de visitar a loja.
Tipos



As novas modalidades de pesquisa de consumo não classificam mais as pessoas apenas pelo número de secadores de cabelo, cortadores de unha e barbeadores elétricos que possuem em suas casas. Nem só pela renda anual, nível de escolaridade e número de penicos e banheiros na residência.
Há algum tempo, o melhor jeito de classificar o consumidor é fazendo seu perfil psicográfico.
No começo, pensei que fosse uma espécie de mapa astral de consumo mas é mais do que isso, é um perfil psicológico, social, mental, do indivíduo, que de alguma maneira misteriosa coloca na mesma coluna no sulfite impresso, pessoas que talvez jamais se encontrassem na vida e que, não tem nada mais em comum do que terem escolhido a mesma máquina de lavar pratos pelas mesmas razões.

Lendo os atributos que descrevem essas pessoas a gente sente até um certo desconforto e uma vontade imensa de procurar a si mesmo naquele monte de descrições. Exemplo: 'é uma mulher ativa e moderna mas que se sente culpada por cuidar mais do trabalho do que dos filhos'. 'adora receber gente em casa porque precisa dos aplausos e elogios dos convidados' ou, 'gosta de receber mas é tão autoconfiante que não se importa se as visitas não elogiarem a comida'.

A gente já sabe que está sendo monitorado o tempo todo, não só por causa das plaquinhas de 'sorria, você está sendo filmado' em prédios públicos, mas porque toda a indústria de produtos e serviços quer nosso dinheiro. Todo mundo que produz quer vender e todo mundo que vende quer um comprador. E todo mundo é comprador durante toda a vida. Por isso, todo mundo precisa saber tudo sobre nós, especialmente nossos pontos fracos porque eles são os portais de entrada da comunicação do marketing.

Um jeans que custa mil reais só é vendido porque a marca foi transformada em um símbolo de tudo o que aquela pessoa busca, status, reconhecimento, poder, sofisticação. É como se a pessoa ao comprar o jeans recebesse uma tatuagem na testa onde se lê 'estou por cima da carne seca'. O mesmo se aplica às mulheres que compram bolsinhas mínimas que custam milhares de dólares. Aquela bolsinha mal serve para abrigar a chave do carro e o batom mas é como um passaporte para o mundo do glamur das revistas de celebridades. O fotógrafo vai ver a bolsinha e logo vai perceber que naquela alça há uma mão de milionária ou candidata a celebridade. É a vida.

O mais incrível é que ninguém escapa disso, nem mesmo os jovens mais rebeldes. Soube ontem que um pesquisa brasileira recentemente classificou os jovens em 65 diferentes tipos de tribos. Garanto que todos se acham únicos e diferentes e que contestam todas as regras da sociedade de consumo. Fogem de umas e caem em outras regras. Não há exceção para quem consome.

A única chance seria a gente voltar ao mundo dos Waltons e criar o próprio carneiro, tosquiá-lo, fiar a lá, pegar dois gravetos e fazer a própria malha de tricô. Aí sim, não haveria etiqueta, griffe, loja, marketing, nada. Para isso, você teria também que alimentar o carneiro com comida orgânica que você mesmo plantou e adubou com o esterco da vaca ou da galinha. Sem fertilizantes porque senão você já caiu no consumo de produtos agrícolas.

Mas é difícil escapar mesmo assim porque em última instância, a menos que você viva numa fazendinha sem eletricidade, totalmente auto sustentável energeticamente, um ahora você teria que comprar combustível num posto e pimba, lá estaria uma grande marca a sua espera.

Essa tendência parece crescer a cada dia, a de psicografar hábitos de consumidores. Talvez fosse interessante uma empresa fazer o perfil psicográfico de todos os internautas. Aí sim, teríamos muita matéria pra publicar, muito assunto para discutir. Porque cada um de nós, na rede, tem a sensação de ser múltiplo, de ter muitas faces, de poder mais o que imaginamos. E quem, sabe, a marketing consiga transformar essa vontade que todo mundo tem de ser mais do que é para que cada um compre mais do que pode. Aí, sim, vai ser a festa do caqui de griffe!

Bom dia.
Sem logos.

6/23/2003

ban the pop up!
isso sim é um grande passo para a internet, banir o pop up.
provavelmente, vão fazer pop-ups para lançar a campanha.
Tanto pra saber....
É assustador ver a quantidade de informação que a gente consome, especialmente a partir do ponto de vista de quem passou uns dez dias fora da rede.
No AdVillage, por exemplo, me interessei por tudo.
Mas não tenho tempo pra ler agora.
O único link que acabei visitando por incapacidade de resistir à tentação, foi a agência de notícias da Fapesp.



Pensamento do dia
Contra ódio gratuito, só indenização bem paga.
A contadora do traficante
A TV mostrou a imagem da contadora de Fernandinho Beira-Mar, que tentou passar-se por sua filha. Ser contadora de traficante já é ruim o bastante, mas o crime é usar o nome de outra pessoa.
Escondendo-se da câmera, a moça não evitou o flagrante do close nos pés, mostrando que, de fato, ela é muito, muito pé de chinelo.
Por quê?


Por que o telefone sempre toca quando estamos no banheiro? Por que as americanas usam biquinis tão grandes? Por que as crianças entram na fase do por que? Por que?
A diferença entre por que, porque e por quê é fácil de entender. Difícil é resistir à tentação de querer entender o por quê de tudo, o tempo todo, para sempre.

Em muitos casos a compreensão destes por quês resultam em avanços científicos e tecnológicos, o que é muito bom. Mas, em geral, a ciência é feita mais de 'comos' do que de por quês. Os por quês são coisas da mente humana.

O caso mais clássico é o congestionamento, aquele que pára totalmente a rua, avenida ou estrada. A gente fica ali, parado e sofrendo, querendo saber por que parou, parou por quê??
Qual foi o maldito 'quê' que interrompeu nossos planos, nossa vida e nos fez parar assim?
Em geral, ligamos o rádio em busca de notícias, feitas pelos profissionais dos por quês, que explicam tudo para todo mundo.
O trânsito continua parado mas é totalmente diferente saber por quê você está ali.

A razão, o motivo, o por quê, dá uma perspectiva de futuro e assim, podemos tomar uma decisão. Parou porque tem um navio atravessado na pista e vai demorar dois anos para que ele seja retirado dali. Ah, bom, então, a gente larga o carro aqui e vai à pé pra casa. Parou porque tem dois cachorros trepando no meio da estrada e o povo parou pra ver. Já já eles desengatam e o trânsito flui normal. Certo, então, se é por isso, a gente vai até lá, dá uma espiadinha, volta, pega o carro e segue.

Há alguns dias, ou semanas, parei com o blog.
Por quê?

Por muitos motivos, mas, basicamente, por um só: o que sempre foi prazer, virou sofrimento. E se ninguém trabalha de graça para ficar sofrendo, imagine então pagar para ficar sofrendo.

O sofrimento é a dor teórica aplicada à prática. Acontece muito na ante-sala do dentista. Você sabe que a dor existe. Ela está lá. Mas é só quando chega a sua vez é que ela se materializa em sofrimento real.

Sempre usei o blog como espaço de expressão, divulgação, interação, diversão. A interatividade foi crescendo com a audiência até tomar corpo numa nova modalidade muito interessante: o ponto de encontro nos comentários dos posts, uma nova mídia dentro da mídia.
E, como toda mídia que ganha espaço, passa a ser disputada à tapa pelos sedentos de holofotes, passa a ser invadida anonimamente pelos que tem o prazer perverso de destruir, deixando pouco espaço para os que estão lá de forma legítima, ou seja, os que transformaram aquele espaço numa coisa boa.

Não me pergunte por quê, mas o mundo parece estar dividido em dois tipos de pessoas: as que sentem prazer e as que não permitem que as outras sintam.

As pessoas que sentem prazer, fazem. As que não sentem, destroem. As que sentem prazer, são felizes. As que não sentem, esforçam-se para impedir que alguém seja feliz na face da terra.

Essas criaturas são aquelas que, tendo desistido da felicidade por incapacidade ou falta de fé, dedicam toda sua existência e energia para garantir que ninguém mais seja feliz e tenha prazer na vida. São as guardiãs da infelicidade humana.

O mais louco é que essas pessoas são aqueles cidadãos insuspeitos que muitas vezes acreditamos como normais e temos até como modelo. É o pai de família bem sucedido, com linda mulher e filhos, mas que à noite, sai para catar travestis e ser penetrado pela ilusão, para exercer o que de fato é e não pode ser. É o empresário de nome pomposo que escreve lindos textos para jornais, sites e revistas e que escondido num nickname, solta a franga de macumba nos blogs, esculhambando tudo o que mais inveja. É a mulher recatada clássica, dos filmes e da literatura, que cuida do lar de dia e sai dando pra todo mundo à noite.

Por quês não resolvem. Você pode até entender por quê um padre é pedófilo mas isso não quer dizer que você vai aceitar o fato apenas porque compreendeu as razões. E nenhuma mãe vai mandar seu filho adolescente para um pediatra pedófilo depois de compreender que ele faz isso porque foi violentado quando era criança.

A gente entende por quê uma pessoa entra num blog com um pseudônimo para dizer o que não teria coragem de assinar com sua verdadeira identidade mas nem por isso vamos permitir que ela invada o espaço. Se fosse só uma questão de entender, você poderia pegar todos os moradores de rua e levar pra sua casa. Eles não têm casa, dê a sua. Eles não têm cama, deixe que durmam na sua. Pronto. Está resolvido? Não, não está.

Porque ninguém deixa a porta de casa aberta quando vai trabalhar. Ninguém vai para sua vida deixando para trás um caminho para ser invadido ou ofendido. E era o que eu estava vivendo. Todo dia, quando saía para minha vida, sabia que tinha deixado uma porta aberta. Uma entrada escancarada nos comentários, cada vez mais lidos, cada vez mais visitados, para todo tipo de maluco. Gente que entrava só para brigar com as outras pessoas, gente que entrava só para criar confusão, gente doida com vários nicks dialogando consigo mesma. Gente buscando apoio para suas opiniões, gente querendo atenção a qualquer preço, gente tentando se esconder para libertar seus demônios interiores.
E tudo isso, no meio de tanta gente decente querendo apenas, espaço e interação.

Por que fechei o blog? Porque não se dá facas para crianças. Porque não se dorme com as portas abertas. Porque quem ama cuida. Porque quem se respeita não permite a falta de respeito. E porque o tempo a tudo cura e a distância, organiza.

Depois de muitos dias sem entrar na Internet, longe de tudo, fica fácil avaliar a importância que as coisas de fato, têm.
Compreender não é saber o por quê, é situar-se diante dos fatos, mesmo sem modificá-los.

Provavelmente, vou resgatar meu prazer de escrever e continuar fazendo o blog, aos poucos, de outras formas. Mais lentas e suaves.
E, acredite, é melhor que eu me expresse escrevendo. Seria muito pior se eu resolvesse gravar um CD e fosse divulgar na mídia.Aí sim, ía ter gente me perseguindo, com razão.

Antes de mudar definitivamente de assunto, quero partilhar um aprendizado, ou melhor, uma confirmação, já que já haviam me contado isso. O anonimato na rede, é uma ilusão. Não existe.
Muitos dias depois, muitos reais depois, muito sofrimento depois, consegui saber os nomes, os endereços, os dados, das pessoas que, contadas nos dedos de uma mão, causaram esse sofrimento todo, pela intensidade de suas virulências. É um fato da epidemiologia. Os vírus são pequenos mas podem dizimar populações. Até serem controlados. E é por isso que precisa haver controle.

Pra ser mais precisa, na verdade, eu estava buscando apenas uma. E encontrei um clássico, pelo menos, baseado no que sei até agora.
É um nome pomposo, de homem, formado, com título de faculdade. Não sei sua idade, mas buscando seu nome na rede, encontrei vários comentários seus, em sites jornalísticos, em revistas de grande circulação. Parece ser bem adulto.
Não o conheço, não sei quem ele é.
Só sei que, enquanto ele assina seu nome completo em suas opiniões democráticas de forma pública, aqui, ele se escondia atrás de um nickname para ofender a mim, minha família, meus filhos.

Por quê?
Porque ele é assim. Porque seu DNA contém informações que o levam a fazer isso. Porque ele quis. Porque o blog tinha um sistema aberto de comentários que assim permitia que ele fizesse. Porque sim.
Mas porque a gente não pode fazer tudo na vida, a lei traz limitações.
E assim, contratei um escritório de advocacia, peritos, conseguimos quebrar o sigilo do provedor e agora, sei seu nome. Seu endereço. Seu telefone.
E agora?

Vou até lá tirar satisfações? Vou processá-lo para ressarcir-me dos meus gastos e dar uma lição neste senhor que acredita que pode anonimamente causar sofrimento a tanta gente que vinha aqui apenas buscar lazer e informação?
Procuro os outros também? Vou passar minha vida inteira perseguindo gente problemática que me elege como objeto de seu desejo/ódio/inveja/admiração?
Vou brigar com gente que um dia me ama e no outro me odeia? Vou impedir que sonhem comigo, que pensem em mim, que façam um altarzinho com minhas fotos?
Isso é vida? É prazer? É blog?

Não sei ainda.
Por enquanto, estou aqui, pensando, neste homem, neste senhor, que passou tanto tempo preso a mim, que lia meu blog diariamente, que deve estar lendo-o agora. Que talvez nem saiba que já sei quem ele é. Que talvez nem saiba porque me detesta em particular. Que talvez nem me deteste, que talvez me admire e me inveje às avessas. Que talvez quisesse ser eu, ter o que tenho, ser o que sou, fazer o que faço, vai saber.

Fato é que, tudo isso é muito pequeno diante do mundo e diante da vida.
Eu voto pela vida.
Eu voto pelo mundo.
Eu voto pelo blog.
Eu voto pela minha satisfação garantida. E meu dinheiro de volta.

Bom dia.
Não me pergunte por quê.












6/22/2003

Querido Leitor,

Nada na vida é para sempre. Nem a própria. Todo mundo sabe disso, mas ficou combinado que não tocaríamos no assunto para não atrapalhar nosso sonho coletivo de ser imortal.
Um belo dia, registrei o farofa, criei o site e fiz um canal chamado querido leitor. O site cresceu, floresceu e finalmente, morreu. De tudo ficou só o canal, exatamente como acontece com as obturações mal sucedidas. O canal querido leitor, como acotecia com os pókemons, evoluiu para um blog.
O blog, talvez por rimar com frog, acabou inchando como um sapo boi de conto de fadas, daqueles que tem até moral da história. E de tão grande e inchado, implodiu.
A lagoa, os sapinhos, as flores, os girinos, tudo, foi para os ares.
Temporariamente, porque tudo que sobe tem que descer, tenha guelras, patas ou tenha asas.

O querido leitor está prestes a voltar, mas não se sabe aonde, quando, como ou por quê. Ao que tudo inidca, o lugar seja este aqui mesmo, o quando seja agora e o por quê seja totalmente irrelevante.

Fato é que blogs vivos tem dessas coisas típicas dos seres animados. De vez em quando, desanimam. Depois, reanimam-se e voltam a respirar.

Para o futuro, contaremos com a inspiração.
Hoje, contamos só com a respiração.

Até amanhã.








Boa noite
O blog vai ser remodelado.
Com uma crônica do dia (um texto) e notas ou links comentados do dia.