4/09/2004

ASSALTO!
Meu coração está na boca. Estou tentando me acalmar. Meu filho acabou de ligar de Campos do Jordão. Ele foi passar o feriado com a família de um grande amigo. Eles acabaram de ser assaltados. À mão armada. Faltavam 500 metros para os dois chegarem em casa. Três moleques de moleton abordaram os dois, apontaram um 38, levaram tudo, tênis, dinheiro, celular. Meu filho não tem relógio. Foi roubado uma vez e ele nunca mais usou. Ele me ligou agora, está bem. Mas estão muito assustados, evidentemente. Imagine eu. Que bosta de mundo, de sociedade, de tudo.
E não adianta dizer que é a desigualdade que faz isso. Esses moleques não roubam pra comer, não estamos falando de crime famélico. Eles roubam pra pagar dívida de droga, sempre pagas com tênis, relógio, celular e frente de toca CD de carro.
Estou tão revoltada que não consigo chorar.
Mas não vou deixar de agradecer a D'us. Nada aconteceu a eles.
Graças a D'us.
Os pais do amigo do meu filho já chamaram a polícia,que está indo até a casa pra fazer a ocorrência e dar uma blitz pelo bairro para ver se encontra os garotos pela descrição.
Não sei se adianta alguma coisa. Já bloqueei o celular dele, pelo menos.
O mais louco é que, minutos antes de eu avisar minha filha, ela tinha ligado para o celular do irmão.
O ladrão atendeu.
Assustada, ela desligou.
Nem me fale.
Não vou entrar na paranóia dos números de telefone e etc. e tal.
Senão, a gente não vive mais.
O pior é que a gente sofre e sempre tem alguém achando que isso é reclamação de pequeno burguês.
Tá bom.
Eu que sei.
Trabalho desde os 9 anos de idade pra sobreviver.
Desde os 14, registrada em carteira.
Muita gente não tem o que comer, eu sei também, antes que algum invejoso venha desejar meu mal. Como se ninguém tivesse o direito de poder trabalhar e progredir, dar conforto para os filhos. A gente tem sim, todo mundo tem esse direito. Queremos que todos tenham esse direito.
Mas não é roubando uma criança com um 38 na mão que esses meninos vão fazer um país mais justo.
Desculpe o desabafo.
Estou muito nervosa.

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