1/15/2004

Dietética, a nova ética da estética
Acabei de receber um email da Vera, repassando, não o link, mas um texto em attach, da Cora Rónai sobre vidas passadas em vãs tentativas de fazer dieta. Como eu sempre vivi o mesmo problema, sempre escrevi sobre o fato, já tive até blig (apagado injustamente pelo IG) sobre o tema e, como o mundo acha que eu e a Cora somos a mesma pessoa em versões paulista e carioca, é natural que todo mundo mande coisas dela pra mim. (fico me perguntando se as pessoas mandam coisas daqui pra lá também, não sei). ((segundo parênteses: aliás, acabei de receber outro email, também mencionando a Cora pra mim. Acho que a Cora, o TAS e eu formamos uma espécie de trio de separados porém, relacionados. Diga-se de passagem, gosto muito de ambos. Fecha segundo parênteses))

O título que escrevi é uma bobagem, uma brincadeira boba de palavras. Acho que hoje, ser magra não é só uma estética é uma 'estica-te'. Chegamos ao requinte de precisar que a conselho de medicina regulamente as cirurgias de lipoaspiração, para controlar a carnificina gerenalizada que andam fazendo por aí. Só não lançaram ainda o Liposugador Portátil de bolso Tabajara, o resto já tem.

Já sabemos que agora todo mundo quer ser magra cirurgicamente, que as brasileiras são vice-campeãs em plásticas e campeãs mundiais de vaidade. O que se discute não é mais adotar ou não o vício regular da cirurgia mas a forma parcelada de pagamento.

Já sei se tudo isso, faço loucuras e dietas também desde a pré-adolescência e nunca fui feliz com minha embalagem, salvo em duas ou três ocasiões. Ocasiões, não, dias. Dias não, Momentos. Um momento. Eu lembro de UMA foto, tirada em UM DIA em que eu me senti realmente bonita e gostosa, momento que gostaria de perpetuar para sempre. Tirei a foto na sacana de um apartamento no Guarujá, de biquíni, no vale do meu peso. Infelizmente e aí está a ironia do destino, a única cópia se perdeu no passado e eu não tenho nem mesmo uma prova concreta para mostrar no tribunal. Vou ter que esperar o back up de D'us no julgamente final.

Mas o que me ocorre agora, que já estou em avançada meia-idade, chegando mais a três quartos, embora eu já conheça a teoria sobre os métodos de emagrecimento, é a pergunta: pra quê mesmo as mulheres quem ser magras?

No começo eu achava que era experimentar o Poder da Mulher Gostosa que é o de fazer com que todo mundo queira te comer só pra você poder não dar pra ninguém, ou melhor, só pra quem você escolher. As mulheres que examinam seus lindos corpos no espelho vinte vezes por minuto estão apenas analisando o patrimônio bélico, seu poder de fogo, suas armas, sua fonte de segurança, assim como um pão duro verifica seu saldo bancário na internet de hora em hora, porque acredita que o dinheiro lhe dá segurança pra enfrentar o mundo, a vida.

Eu achava isso quando ainda era solteira, não tinha uma família e sabia que para encontrar tudo isso eu teria que passar pelo grande ritual da conquista, aquele que começa e acaba com sexo.

Apesar de meu peso, meu corpo e minha cabeça doentia em relação ao assunto, consegui com muita ajuda de D'us, que deve me amar muito (ou então sente-se culpado por ter me feito assim, sem muito capricho!!), ser total e completamente feliz. Amo meu marido, meus filhos, meus amigos, meu trabalho e não tenho nada do que me queixar a não ser claro, do meu corpo.

Como todo ser humano descabido e idiota, quero também o direito de ter um corpo que não me faça passar vergonha na praia, que não me obrigue a verter lágrimas nos provadores de roupa e nem deponha contra as coisas bacanas que tenho tentado fazer ao longo das últimas quatro décadas.

Mas a pergunta não cala: pra quê uma mulher que ser gostosa? Não quero me repetir, mesmo porque escrevi isso há muitos anos, no site 'she', quando eu era colunista. A matéria ainda está no ar. Ainda concordo com o que está lá.

E olha que naquela época eu era mais jovem.
E mais magra.

(mais magra??? eu escrevi isso?? estou me curando! eu nem disse menos gorda! Viu, tem cura! A gordura tá na cabeça. Vamos inventar a lipoaspiração encefálica!)



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