6/01/2004

quase lindo
A vida não é filme. E a teoria na prática é outra.

Me organizei toda para a reunião desta manhã. Abri mão do esporte, da caminhada, de tudo, para poder acordar cedo, me arrumar e me organizar num dia sem carro.

Tudo ía bem até eu tirar o pé do meu santo lar. Chegando na rua, vi dois taxis no ponto, uns 20 metros de onde eu estava. Tentei chamar um deles mas eles não me ouviram. Estavam brigando.

Enquanto eles brigavam eu tentava convencer o primeiro a me prestar um serviço. Finalmente, o rapaz desistiu da briga, mandou o outro praquele lugar e veio, para me levar aquele outro lugar.

Planejei assim: entrar no taxi, abrir o laptop, rever a apresentação da reunião, ligar para a agência, tirar uma foto do caminho e postar no blog. Simples, não?

Em tese. Em teoria. Porque logo depois do bom dia para o motorista, eu disse o endereço seguido de um por favor e mandou essa:

- Aonde fica essa rua???

E foi assim o caminho todo. Primeiro ele se perdeu no meu próprio bairro, indo para o sentido errado. Depois, eu tive que navegar como co-piloto durante todo o caminho, o que me impediu de fazer qualquer uma das outras coisas.

Num semáforo, abri o laptop. O power point estava lá mas não havia nenhum dos arquivos indexados. Liguei para a agência. Bastaram 30 segundos e o motorista já tinha se perdido de novo.

Abri meu coração e disse a ele que eu estava p... da vida com tudo o que estava acontecendo. E descobri que estou ficando velha e condescendente. Compreendi o rapaz. Ele é jovem, estuda tecnologia na PUC e está como motorista para pagar a faculdade, há poucos meses. Não conhece nada. Como brigar com um ser humano tão bacana? Só porque ele não sabe fazer o que se propõe a fazer?

Bom, muitas ruas sem saída mais tarde, muitas ligações depois, meia hora de atraso e eu finalmente, cheguei. Por último. Paguei 42 reais do meu bolso e ele nem deu desconto.

A reunião foi boa, o que pelo menos compensou o fato de ter esquentado e eu ter ido de cachecol, casaco e blusa de lã.

Descascada como uma cebola, peguei uma carona com meu sócio e voltei. Cheguei na agência, saí correndo, fui para uma reunião de criação e já criamos um projeto instantâneo. Merecemos que ele saia e dê certo.

Mas agora, quem vai sair sou eu. Pegarei outro taxi e irei a outro cabeleireiro, tentar consertar a porcaria que o anterior fez sobre minha idéias. Meu cabelo está ridículo. Eu pareço o Mickey Mouse.

Depois que organizar o cabelo, vou voltar pra casa, pegar meu carro e voltar pra cá, porque tenho mais uma porção de reuniões e de trabalhos para fazer.

Uma coisa eu digo: se a vida imita a arte a minha imitou o circo Garcia nesta manhã de terça feira.
Só espero que eu não faça parte do número do elefante subindo no banquinho.

Bom dia.


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