2/19/2003

Caminhando e cantando
Aliás, cantando, não. Ouvindo rádio. Fui dar uma volta de trinta minutos para movimentar a velha carcaça, palavra que tive que procurar agora no Aurélio para
ter certeza da grafia. (Vem do francês, carcasse). (E abrindo um segundo parênteses, amei a honestidade da Cora ao errar e corrigir o erro de um post em que
ela me confundia com a Rossana Fischer do Wumanity, uma confusão que chega a ser um elogio, já que a Rossana é um ser humano cuja alma é habitada
por pássaros da paz).
Caminhei durante meia hora na contramão de muita gente correndo e também andando pela calçada. Em sendo São Paulo, a realidade das ruas também tem
mendigos, cocô de cachorro, baratas mortas e muito cheiro de lixo. O chão não é uma bela paisagem.
Olhando as lojas e arredores, mais ou menos na altura do olhar, vemos coisas surpreendentes que falam da vida das pessoas.
Há uma loja de armarinhos, na antiga praça e agora Parque, Buenos Aires, que chama a atenção. O luminoso sobre a entrada é tão antigo, que o telefone
tem só seis dígitos. Se você entrar lá vai ver a mais solene bagunça de produtos e talvez, consiga achar coisas como pega-vareta ainda feito em madeira e
uma embalagem de lançamento do Topo Giggio. Passamanarias confundem-se com os anunciados Brinquedos Estrela, linhas, lás, zíperes, material escolar,
tesouras, tecidos. Basta cruzar a porta, aliás, para sentir que o espaço-tempo além de curvo é heterogêneo: lá dentro, o tempo parou.
Quando saio para caminhar levo comigo só o mínimo, um rádio, um boné, um óculos de sol e minha pessoa vestida.
Andar sem bolsa é uma bênção. As mulheres sabem do que estou falando. Nós, sempre nós, com a bolsa ao lado.
Já me perguntei se Freud, além de ter falado aquela bobagem (na minha opinião) sobre a inveja do pênis, teria tecido alguma teoria a respeito da inseparável
bolsa da mulher ser uma manifestação da inveja do equivalente anatômico masculino logo abaixo do supra mencionado.
Chega de bobagem.
Agora, banho, tosa e trabalho.
É dia de sol.
A sol.

P.S.
Não, você não está louco ou louca.
Sim, eu já usei esta figura antes, em outubro do ano passado.

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