4/17/2004

blog

Ter um blog deveria ser um direito de todo cidadão. Blog é uma forma de cura. Ou pelo menos, de terapia.

O espaço em branco do post que ainda não foi feito é um tipo diferente de espelho, onde a imagem de você não vem pronta e invertida mas é construída com suas mãos e suas palavras. É um espelho escrito, que ao mesmo tempo descreve e organiza os sentimentos que fluem de dentro pra fora.

Isso acontece sempre quando a gente escreve, mas no blog, é diferente.
Porque no papel onde você rabisca pensamentos e sentimentos e acaba no fundo de uma gaveta, só existe a relação entre você e você. Mas no blog, acontece um momento mágico, quando você clica o botão para publicação.

Ao tornar público o seu espelho de palavras, você se lança ao mundo, expond0-se a tudo o que vier. Joga-se no abismo de braços abertos, com a fé de quem tem asas.

Cada post é um encontro, um pedido e um presente, um grito e um alento, reflexão, segredo, gargalhada. Blog é a certeza de que estar só não é estar ilhada.

O blog não tem o peso e o compromisso da eternidade do livro, não tem a seriedade do texto publicado em papel, não tem o glamur iluminado das entrevistas de televisão. Não tem a bossa vocal do rádio. Mas traz em sua natureza a possibilidade milagrosa da multiplicação instantânea, o alcance ilimitado de rodar o mundo, mesmo que esse mundo seja só seu pequeno círculo de amigos e leitores.

Todo mundo deveria experimentar ter um blog mesmo quem não quer ou tem medo disso. Pode-se começar escrevendo sem tornar os posts públicos. Pode-se experimentar uma segunda personalidade, um personagem para ser o autor. Pode-se fazer blogs ou flogs sem palavras. Nâo importa a forma, em algum lugar, você estará sempre buscando a expressão do seu código-fonte, tentando decifrar seus enigmas.

Os exibidos encontrarão publicidade, os tímidos praticarão a interatividade. Os solitários vislumbrarão parceiros. Os comentários dos blogs oram lapidam nossos defeitos, ora incentivam nossas qualidades, ora nos ajudam a adequar o tom das cores.

O fato é que, a relação viva e diária que se consegue com um blog é única. Necessária. Linda.

Claro, ainda existe preconceito por parte de muita gente que acredita que blog é ócio e prazer e portanto, pecado. Cada um acredita no que quiser.
Eu, acredito que em minha longa vida de escriba, meus anos de blog têm me transformado para melhor. Mesmo sabendo que sempre existiu e sempre existirá problemas, isso em nada interfere na intrepretação do todo. Achar que um blog não vale a pena por incidentes desagradáveis seria como você achar que não é feliz em sua vida porque há dois anos quebrou uma perna ou um braço.

Sempre que posso, divulgo o blog. Sempre que lembro, incentivo alguém a ter um blog. Muitos amigos e queridos leitores dizem isso pra mim, que começaram assim, aquecidos pela chama desta minha paixão blogueira. Mesmo porque, blog é isso, é uma rede dentro da rede.

Abrir um blog é atirar uma pedra no lago, é lançar a voz ao mundo, é acender uma luz: é lançar uma onda de vida no imenso campo do mundo. É aceitar que não sabemos de onde viemos ou porque estamos aqui e aproveitar a maravilha de aqui estarmos.

Acho que é por isso que estou sempre aqui.
Feliz da vida, porque você também sempre está.

beijos.

Rosana Hermann

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