11/20/2003

FSN: a síndrome mais perigosa do milênio
Muita gente toma decisões coletivas individualmente. Contratam pessoas para escreverem sua auto-biografia. Há quem compre quadros originais de Beethoven. Aliás, minto. Nâo é que essas pessoas fiquem degolem seus pulsos ou suicidem outros seres humanos. Ninguém é assim, permanentemente sem noção.
Como a felicidade, não existe este estado full-time de falta de carência, são apenas momentos em que a gente percebe que está sofrendo da mais nova síndrome da modernidade, a FSN, a Falta de Senso de Noção.

A Falta de Senso de Noção assola todos nós, assola e o sapato. Por isso, querido leitor, quando você perceber que o colega está tendo um surto agudo de FSN, avise-o. Dê um toque. Um oi, um trim, um Helllo! É um dever de todo cidadão zelar pelo senso coletivo de noção. Nâo custa nada.
Agora, por exemplo.
Estava eu aqui, na Synapsys, trabalhando, numa petite reunião. O telefone toca.O rapaz pergunta:
- É da Synapsys?
Sim, ele ligou pra cá.
- É a Rosana Hermann?
Sim, é o meu ramal e eu mesma atendi. Até aí, tudo certo, nada de anormal, tudo pleno de senso de noção.
Em seguida ele manda, num parágrafo só:
- eu estive visitando o site de vocês e gostaria de fazer alguns comentários sobre o que vocês fazem, sim porque, eu também tenho uma produtora, tenho várias idéias, e gostaria que vocês conhecessem meus trabalhos também, já que eu estou conhecendo o trabalho de vocês. eu tenho uma fita que eu gostaria muito que você visse e...
E então eu disse, com toda gentileza que nem me é peculiar:
- Olha, se você puder, mande um email com seu nome, o que vocês faz, suas observações assim, quando a gente conversar por telefone, eu já saberei melhor o tema do nosso diálogo, ok?

Ele não tem culpa de nada, ele está coberto de razão. Mas foi uma pequena FSN. Tem que avisar. Pra não deixar a pessoa numa situação constrangedora que poderia ser evitada.
Como a moça, no rádio, que disse que foi à Bienal e achou tão bacana, mas tão bacana, que ela não conseguia entender porque não tinha Bienal todo ano.





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