Eu
Acho um saco falar sobre mim mesma. Não por timidez mas por consciência de que há muitos temas mais interessantes na vida do que este. Porém, em certos momentos, a gente tem que parar e se explicar, como diz o autor do livro ao lado, um dos mais famosos do mundo, injustamente associado com as misses dos anos 70/80. Sinto-me responsável pela comunidade que surgiu a partir deste espaço. Vamos lá.
Ninguém diagnosticou como paranóia, mas tenho pavor de ser invadida. Se não for doença catalogada é traço de personalidade. Não gosto, ou melhor, reajo muito mal quando sou cobrada por algo que me deram sem eu ter pedido. Se alguém quiser me dar um presente, obrigada. Mas não me dê um presente para cobrar atenção depois. Não sou do tipo que se conquista com ofertas. Em geral, dou pra quem não pede, respondo pra quem escreve sem esperar a resposta. A pior coisa que alguém pode fazer pra mim é mandar um email dizendo que já mandou não-sei-quantos-emails e eu ainda não respondi. Pois é, não respondi, desculpe por ter nascido. Não deu pra responder, perdão, eu parto do princípio que pessoas que são legais entendem que nem sempre estou disponível.
Agora, o fim da picada, é quando alguém faz algo espontaneamente e depois, vem cobrar. Não sou do tipo que fica pedindo coisas pros outros. Sou reservada, fico na minha. O que eu quero escrever, eu escrevo no blog, no blig, na parede, na areia,nos comments. Se alguém quiser fazer algo bacana por mim, se não me ofender, se não me expuser, se não me colocar em risco ou perigo, ótimo. Mas é sempre bom saber se eu me sinto mesmo homenageada com isso. Às vezes, posso não gostar, acontece. Se alguém me der um filhote de hipopótomo de presente, por exemplo, isso vai trazer mais transtornos do que alegria, especialmente para o hipopótamo. Nem todo presente é verdadeiro, taí o Cavalo de Tróia para provar que existem presentes de grego também.
Sou grata a todos os que têm me dado coisas lindas, como as blusas da Paulinha, como os livros que o Fenelon doou para a Maria, como outros livros e presentes que já recebi. Como o Mural da Déa, uma coisa linda, feita com muita gosto, talento, amor, para todos do blog. O Mural é simplesmente, lindo. Já recebi aqui, palavras, afeto, coisas imateriais que mudaram minha vida, que me fizeram renascer. Já recebi apoio em muitos momentos que foram bençãos transformadoras.
Também já recebi muitas ofensas anônimas, é normal. E nesses casos, deixei de lado a ofensa e fui para o lugar certo, a justiça, a lei.
O problema é que, se uma pessoa age assim, me cobrando, me pressionando, é porque ela não me conhece, não me sente, não me compreende de fato. Vê minha imagem, mas não vê a minha pessoa. E aí, não adianta nem explicar. Ela fica com raiva de mim, me apedreja pelas costas. Não há o que fazer. Quando mais eu tentar explicar, pior. Se ela me entendesse, não se comportaria assim. Nâo entraria em loucuras de comparação.Queria ajudar mas não consigo. Fico muito transtornada e aí, perco a capacidade de compreendê-la.
O blog, como todo lugar aberto e público, tem seus problemas. É como...uma praça. A praça é de todos. Todo mundo vem, se encontra, vai embora. Na praça a gente pode conversar, brincar, pular, fazer esporte, trocar conselhos, ler jornais, fazer amigos. Pode levar o cachorro pra dar uma volta. Pode namorar. Mas não pode tudo. Pode dormir no banco, eventualmente. Mas não é indicado. É até possível transar atrás da árvore, mas não é civilizado. Deixar cocô de cachorro no chão, não pode, de jeito nenhum. Porque é sujo, contamina, traz doenças e porque praça não é banheiro.
Ainda na analogia da praça. Digamos que você queira plantar uma árvore lá. Plantar árvores é bacana? Claro que é. Mas você não pode, no mundo real, chegar com uma pá e uma muda e começar a fazer um buraco numa praça da sua cidade. Tem que pedir autorização para quem é responsável pela praça. Por quê? Porque é preciso estudar o lugar certo onde plantá-la. Porque uma sequóia, por exemplo, não tenha espaço para crescer ali. Ou porque... talvez... plantando uma árvore lá, você não consiga abrir mão de fato e achar que a árvore é de todos. Talvez, seu ego faça com que você se sinta dono da árvore. Dono do espaço que ela ocupa na terra e no céu. E quem sabe, comece a achar que a praça é sua, que a sombra é sua e que você tem o direito de selecionar quem pode ou não pode ficar à sua sombra...
Ninguem fez isso aqui. NInguém plantou um baobá no blog. Aqui, todo mundo participa da praça. Sem querer fazer humor, aqui, a Praça é nossa.
Agora, é normal que formem-se turmas de frequentadores. Acontece em qualquer praça, em qualquer parque. Pergunte pra La Japa como é no Ibirapuera aqui em São Paulo. Tem várias tribos de frequentadores. Mas ninguém manda em nada, ninguém incomoda ninguém. Todo mundo fica na sua, coletivamente.
Se alguém quiser tirar foto, tira. Se quiser fazer um poema pra praça, faça. Já, se quiser vender milho, côco ou picolé, tem que ter licença da prefeitura. Não pode sair fazendo o que quiser, porque é de todos.
Já escrevi demais e acho que estou sendo repetitiva. E nem queria entrar no mérito da questão, porque cheguei cheia de amor pra dar. Mas encontrei alguns emails que mostraram que estamos todos precisando de um novo domingo no parque.
Um domingo de paz pessoal. Dá pra entender porque tanta gente faz guerra. Porque conviver coletivamente é difícil. Porque toda coletividade tem pessoas com problemas. Porque todo mundo tem problemas. Porque de vez em quando a problemática sou eu. Outra vez, é você. E em outra ocasião é ela, ou ele.
Hoje, por acaso, não é a minha vez. É a vez de outras pessoas. E eu espero que cada uma delas, de nós, eu, você, quem for, bote a mão na consciência e perceba o que está acontecendo.
Em resumo, o conselho é simples e serve pra todo mundo, sem exceção.
Tem duas maneiras de dar prazer para os outros: quando você chega e quando você sai.
Comporte-se na vida de forma a fazer com que todos sintam prazer quando você entra no blog e não quando você sai dele. Ou numa sala de chat. Ou na web. Ou na sua casa. Ou no planeta.
Beijos. Cansei.
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