1/24/2004

Incoerências pagas

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Sejamos sinceros: a coerência é privilégio de quem pode. Sejamos contraditórios: a coerência não é necessariamente uma virtude. Só sei que nada sei e entre as poucas coisas que tento aprender está a compaixão. O problema é que o vício da crítica atrapalha muito o bom andamento da lógica.

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Tudo o que fazemos é regido pelos nosso mundinho pessoal. Nossos interesses, desejos, sentimentos. Precisa ser muito madre Tereza de Calcutá para doar a vida ao próximo. A gente tenta, faz uma coisinha aqui, outra ali. Mas no fundo, é menos para melhorar o mundo e mais para aliviar a culpa. De novo, algo pessoal.

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Um exemplo? McDonald's. A gente sabe que faz mal, o mundo inteiro sabe. Alguns lesados com bons advogados, processam. Alguns menos avisados, comem. Eu sou contra, só como no McDonald's sob tortura e mesmo assim, só se tiver mcsalad. Mas o resto da família come, as crianças, com bastante freqüencia.

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No aniversário de São Paulo, a mídia está lotada de comerciais e spots do McDonalds. A rede de fast food faz, sim, parte da cidade, mas na capital nacional (dizem, mundial...) da gastronomia, inundar a mídia local de McDonalds é quase uma heresia.

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O comercial de TV foi dirigido por Marcelo TAS. É trabalho, não é filosofia. É pagamento não é ideologia. Contratou, pagou, fez. Qualquer um, faria. O resultado é bom. Mas se dependesse do meu coração eu preferia que o genial Marcelo não tivesse pactuado com mais um amo-muito-tudo-isso nos 450 anos da nossa cidade.

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Vivi o bastante para atravessar todas as ondas incoerentes da 'juventude brasileira', desde a paixão por tudo o que fosse americano, ao ódio por tudo o que fosse americano, ao estágio atual, onde a teoria é contra e a prática é favorável. Falamos mal de Bush e compramos seus importados. Pixamos o povo americano e consumimos sua cultura. Não admitimos que um piloto ameriano nos mostre o dedo médio mas viajamos e imigramos pra lá. Amor e ódio, complexo de inferioridade, confusão mental. É louco, mas é normal.

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Sejamos sinceros. A coerência está em decadência!

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