7/27/2002

(foto do paulo coelho)Paulo Coelho...como assim?
Já li uns dois ou tres livros do Paulo Coelho. Acho que o primeiro, o Alquimista e Brida, se não me falha a memória. Lembro-me claramente como soube da existência do livro "O Alqumista". Eu havia entrado em uma loja popular, do tipo lojas Mariza, Pernambucanas, algo assim, e a balconista demorou a me atender porque estava lendo. Eu nunca havia visto em minha vida de consumidora brasileira uma balconista lendo um livro no trabalho. E peço aqui a gentileza de ser interpretada com a simplicidade com que descrevi o fato. Apenas isso, não é comum ver uma pessoa lendo um livro numa loja em cima do balcão durante o trabalho.

Fiquei curiosa para saber que livro era aquele. Era 'O Alquimista'. Pouco tempo depois, li o livro também.

Um dia entrevistei Paulo Coelho para o programa Walking Show. Fui encontrá-lo num hotel em São Paulo, perto da lendária Rua Augusta. Fiz a entrevista andando pelo quarteirão. Foi super agradável pra nós dois, pelo menos, eu achei e ele confessou o mesmo. Microfone ligado, saímos do hotel, numa alameda, subimos a rua Augusta, falando do passado, viramos à esquerda na outra alameda falando do presente e descemos a Haddock Lobo, falando do futuro. Chegamos de volta à alameda do hotel e encerramos a entrevista. Coitado do cinegrafista que fez o quarteirão inteiro de costas, para nos pegar de frente. Ainda bem que contou com a ajuda dos colegas da equipe, orientando-o pela cintura.

De qualquer forma, fiquei com uma ótima impressão dele, gentil, simpático, tranquilo. Muito diferente do que aconteceu com Lair Ribeiro, quando ele estava no auge das vendas de seus livros. Marcamos uma entrevista com ele num hotel na Augusta. Eu cheguei bem antes. Como repórter, eu ía direto com meu carro e encontrava a equipe lá. Teve um problema com o carro e a equipe atrasou. Lair, soltando fogo pelas ventas no lobby do hotel, berrava comigo, como se eu fosse culpada e dizia com todos os possíveis decibéis:

-"Você sabe quanto custa a minha hora??? Esse atraso todo vale 20 mil dólares!!"

Hoje, porém, li uma entrevista de Paulo Coelho para a Ilustrada e fiquei assustada com uma confissão que ele fez. Ele diz que tem guardado num cofre todas as críticas publicadas a seu respeito. E os elogiso também, diz ele. E mais, justo no dia que o repórter perguntou, Paulo disse que mandou microfilmar todos esses documentos. Diz que não é para usar como vingança mas que todas as pessoas precisam ter responsabilidade sobre o que escrevem... eu heim, fiquei assustada...

Ok, eu entendo, eu concordo, mas todo mundo já disse coisas e mudou de idéia não vejo porque não se possa escrever e mudar de opinião. Essa mania de fazer do texto um documento imutável. A palavra escrita tem peso, não me diga, eu vivo disso há duas décadas. Mas por que trancá-las no cofre? E as pessoas que falaram bem dele, ou mal dele, essas, não terão suas palavras trancadas no cofre, só porque não as escreveram...

Achei tão estranho...mas enfim, não vou mudar de idéia só porque li isso na ilustrada. Mas que eu fiquei intrigada, isso, fiquei mesmo.

P.s. - espero que ele não tranque esta blog em seu cofre, para microfilmá-lo depois, mas caso o faça, fica aqui o registro, a foto do post foi tirada do site oficial de Paulo Coelho.