Café da manhã
Acordar tarde é uma delícia. Melhor ainda tomar café lendo notícias. Desculpe falar de
novo no assunto, mas li o jornal e a Veja. As páginas amarelas estão ótimas. Até que enfim
alguém inteligente e esclarecido pra dizer que Freud não é Deus e que seus livros não são
textos sagrados. E o entrevistado ainda revela que foi o primeiro tradutor da obra de Freud (James Strachey,
junto com a filha de Freud, Ana) que inventou os termos ego, superego e id. No original, Freud usou palavras corriqueiras como
eu, supereu e isso.
Como sempre, o que me irrita na Veja é o texto de algumas colunas, como a "Gente", criação
coletiva seguindo a linha dos piores textos sobre o chamado 'jornalismo de celebridades'.
Assinada por um homem e quatro mulheres, esta edição é totalmente redigida com aquele
jargão de puxa-saquismo de todas as mulheres de medidas consagradas, derretendo-se
em elogios a elas mas não para eles.
.Adriane estava 'ofuscantemente' prateada. Luana Piovani é chamada de linda, mas mostrou
apenas o 'namorao' Marcos Palmeira, sem adjetivos. Gisele é a 'bela má' e Mansur, só um
barrado no baile. Belo que não merece mesmo nada, nada levou no texto, mas Viviane Araújo
é 'estonteante'. Luma, então, é uma 'deusa de graça e beleza'.
E pra Raí, nenhum adjetivo, apenas o relato de que 'as mulheres' suspiravam encantadas
enquanto ele passava.
Ler este texto depois da entrevista com Adam Phillps é intrigante. Na entrevista, ele responde
à pergunta 'por que as mulheres e homens parece totalmente obcecados por dietas de emagrecimentos
e exercícios?', com a frase 'É uma nova versão do que Freud chamou de histeria'.
Um jornalismo, portanto, que louva as medidas e critica Suzana Werner recém parida por
'gordurinhas extras', deve ser, um jornalismo histérico.
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