Não precisa concordar mas eu gosto de pensar em mim como uma mulher moderna. E, como tal, estou tendo problemas internos na minha bolsa. A convivência entre as tecnologias cosmética e eletroeletrônica é muito perigosa.
Morro de medo que meu brilho vaze no meu celular e arruine minha comunicação com o mundo. E só de pensar na possibilidade de uma poeirinha do meu blush entrar no Nextel, já me deixa de cabelos em pé.
Pior vai ser se o batom abrir de repente e a tampinha cair. Se o batom engordurar minha câmera digital, será o caos.
Hoje, pra piorar, botei o flash drive na bolsa, pra trazer uns arquivos de casa. E quase deixo um creminho hidratande encostar nele.
Sim, tem um pouco de exagero aqui, dada à minha profissão de escriba, mas é assim mesmo. Claro que parece coisa de perua high tech, mas é só o personagem do dia, de saia e salto alto, pronta pra sair.
Só sei que, apesar dos bolsos e bolsinhas, da necessaire e tudo o que uso para tentar separar uma coisa da outra, ainda assim, há perigo na convivência.
Tenho medo, inclusive, que alguma coisa desmagnetize o cartão do banco, vai saber.
Agora que já separei o joio do trigo, o shoyo do tigre, os cosméticos dos gadgets, estou pronta pra ir.
Só falta verificar se a pasta de dente não melecou meu crachá.
Vou torcer pra não acontecer também de eu abrir o flash drive e passá-lo nos lábios nem enfiar o batom no slot de usb da torre do pc!
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