Doh!
Na versão original em papel, o Caderno 2 do jornal O Estado de SP, traz a fonte da palavra Caderno em preto e, o número 2, em azul, uma sutileza que Homer Simpson nunca perceberia. Nem que percebesse, não se sensibilizaria por este detalhe. Homer Simpson é matéria da última página deste caderno, uma tradução do Sunday Times, enaltecido como um dos personagens mais queridos e que melhor representa o americano de classe média.
Homer nasceu em 56, pelo texto, o que o transforma num quarentão do século XXI.
Curiosamente (adoro usar este advérbio, porque além de cumprir sua função literária, abre uma portinhola para o mundo mágico das curiosidades...), no mesmo caderno, há uma outra matéria, chamando para a estréia de uma peça de teatro no Teatro Folha, no Shopping Pátio Higienópolis, sobre homens nascidos nos anos 60. Embora eu goste muito do Léo Jaime, um dos autores desta 'colagem' coletiva, não acredito que eu atravesse a rua numa noite dessas para ver a peça. Passei a vida convivendo com toda a minha geração, essa, que nasceu na passagem dos anos 50 para os 60 e que, em pleno 2003, lutam contra o fato de estarem novamente no túnel que nos transporta para os 50 outra vez. Desta vez, para os 50, anos de vida.
Em ambos os casos, dizem que estamos todos confusos e perdidos, que não somos exemplos disso e daquilo e colocam nossos problemas como se fossem crimes individuais. Estranho, porque eu achei que depois de cinco milênios de civilização e uns mais alguns bilhões de anos do planeta todo mundo já tivesse chegado a conclusão de que não somos mesmo perfeitos e que de médico e de louco temos todos um pouco. Se bem que, sejamos realistas, a gente tem cada vez menos de médico e mais de louco.
Claro que Homer Simpson não é um modelo ideal para ninguém. Pergunte a qualquer homem se ele prefere ser alto, magro, bonito e saudável ou baixo, gordo, feio e doente e veja uma estatística com 100% de alternativa a). Mas Homer está ali para nos lembrar, a cada dia, que não dá pro cara ser um Brad Pitt nem pra mulher ser uma Gisele Bündchen. Porque se a mulher se esforçar muito, gastar muito, passar dos limites da sanidade em busca da perfeição escultural, tudo o que ela vai conseguir é virar uma Ângela Bismarck num Super Pop. Não adianta ter as medidas certas. Descrevendo, Ângela é alta, loira, peituda, bunduda, pernuda, tem cintura fina, rosto fino e lábios grossos, mas o que é esta mulher de fato? Quem quer ser Ângela Bismarck? Você quer? E que homem a quer? Você?
A mídia projeta o ego. A mídia multiplica a presença. A mídia cria a ilusão de que podemos ser tudo isso que sonhamos, lindos, jovens, altos, fortes, importantes, poderosos e amados. Passamos a ser assunto, mesmo que para isso a moça tenha que fica magra como um vara-pau, com aquele queixo de mulher anoréxica. Tem uma modelo tão magra mas tão magra que, se vestir um terninho verde claro, vira um louva-Deus.
Melhor mesmo é ler a matéria sobre a longevidade dos Europeus, que nos ensina que comer queijo e tomar vinho pode nos dar uma vida mais saudável. Os espanhóis vivem mais e os Italianos, são mais saudáveis. E olha que os espanhõis fumam desbragadamente, dá até medo, todo mundo fede cigarro. No entanto, a média de vida é de até...82 anos. Nada mal, morar em Barcelona, Madrid, comer, fumar, beber, ir à praia, sair, fazer muito sexo, passear, curtir boa música, viajar e viver até os 82! Ou viver até os 79 e passar a vida na Itália comendo, bebendo, rindo e celebrando.Dá até vontade de comer uma massa no almoço.
Jovem ou velho, europeu ou americano, o fato é que estamos todos um pouco perdidos. O que não é grave.
A vida é uma experiência empírica, o jeito é esse mesmo, aprender com os erros e seguir em frente.
Sentiu que não vai dar, não força. Viu que a coisa ficou preta, sai de fino. Doeu, pára. Errou, conserta.
Não tem muito mistério.
No meio do caminho, a gente vai encontrando gente que diz coisas legais, gente que deixa coisas boas, gente que enriquece, gente que apavora. Tem de tudo nesta feira,
geléia geral, caldeirão cultural, patê de carne humana, tem de tudo.
Felizmente, tem sempre também, gente sacada que diz aquelas frases geniais.
Ontem, um grande amigo online, mandou uma frase pungente e até dolorosa, mas muito real, que ele ouviu da própria boca do Helio de La Peña, dos Cassetas, para falar
da vida blogueira. Disse Hélio:
- Blog é coisa de gente sem mídia.
Blog, talvez, seja coisa de quem quer mídia. E não tem. Ou já teve e perdeu. Ou está em busca de ter. Ou que tem mas acabou. Ou que odeia mas ama.
Na verdade, blog É mídia.
E talvez por isso as pessoas acabem brigando nos blogs como os apresentadores de tv brigam ao vivo nas premiações.
Todo mundo quer viver o máximo em tempo e conquistar o máximo em espaço.
Então, boa notícia: um dia teremos todo o tempo do mundo, pois seremos eternos.
Um dia, teremos todo o espaço do mundo, porque seremos etéreos.
Bom dia.
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