eu falei primeiro
todo mundo, incluindo você e eu, já invocamos este direito com esta frase. talvez você troque falei por disse ou qualquer outro equivalente. mas invocar a primazia (prima azia não tem nada a ver com prima da azia assim como não tem a prima-vera) é uma coisa normal.
mais ou menos normal, melhor dizendo. porque dependendo do caso, da situação, da pessoa, pode ser bem patológico (não vou fazer aquilo que fiz lá em cima, prometo). eu tenho um caso patológico assim, pessoal, em relação a internet. é como se existissem dois lados do meu eu, um, que vos fala, acordado, vestido e de óculos em frente ao computador e, outro lado, pentelho, agitado, instigante que tem como meta os mesmos dizeres da camiseta que ganhei da revista nova e estou vestindo agora: eu quero mais!
este lado pentelho, o diabinho vermelhor de tridente dos cartoons que atazana a mente humana, é o que sempre acha que falou primeiro, que pensou primeiro, que viu, comentou e sugeriu antes.
hoje, ele tá-q-tá. porque pegou o texto do mario prata no estadão, onde ele menciona uma sequencia simples de coisas que fez na web: pesquisou no google por uma pesssoa e, depois, foi para a lista telefonica encontrar o nome e telefone dela. bastou. o diabinho fica me cutucando e dizendo que ele falou primeiro que o google era bom. e isso, quando ninguém mais sabia ou achava! hoje, diz ele, todo mundo usa, mas 'eu' falei primeiro! fui eu que divulguei o google pra amigos, parentes, vizinhos, colegas e leitores, invoca o demoniozinho. fui eu que contei pra todo mundo no trabalho sobre o kazaa, quando ninguém mais sabia.
e assim, com essa ladainha, vou tentando me afastar desse monstrinho chato que só pensa em si.
agora que já me permiti o conforto de descrever um defeito pessoal na 3a, pessoa, projetando-o num ser vermelhinho e diabólico, pergunto: por que a gente faz tanta questão de ter a primazia reconhecida e divulgada? será que, se a gente for mesmo essa pessoa tão genial, que sabe tudo antes, que descobre o relevante, que desbrava novos continentes, isso vai nos fazer mais amados? felizes? ricos e famosos? lindos e saudáveis? o que a gente quer com isso? ser visto, reconhecido? ah, entendi. aplausos. a gente quer aplausos. Oh! que incrível! então foi você? parabéns!
A gente quer elogio.
E pra quê? Pra que serve o elogio? pra alimentar o monstrinho! Não é que o diabinho vive disso?
Esse ego inchadinho, entumescidinho, está sempre procurando combustível no elogio, para crescer mais e mais. O ego quer ficar enooorme, é isso que ele quer. E ocupar todo o espaço. para que tudo e todos sejam...ele.
Bobo, esse cara.
Não sabe como é bom a gente ser apenas o que é e deixar que todo mundo seja assim também.
Como?
Você já tinha ouvido falar nisso num blog!
Não pode ser!
Eu falei...primeiro!
bom dia!
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