7/12/2003

Soninho

Dormir até 9:30 da manhã, num dia nublado e frio, é uma delícia. Detesto esses documentários de TV à cabo que tranformam o sono num crime, oferecendo aquel cálculo primário de que, tendo o dia 24 horas, ao dormirmos 8 horas por noite, estaremos passando um terço da vida na cama.
Dane-se, eu sei que três vezes oito da vinte e quatro.Meu problema não é burrice, é sono.
Estranha sociedade que culpa quem dorme.
Estranhos argumentos de que vamos morrer e dormir eternamente e, portanto, não precisamos dormir agora.

Depois de acordar, tomar café e ler o jornal. E praticar aquele esporte ranzinza de ficar criticando tudo o que se lê. Hoje, foi dia de eu pixar o Quiroga. Sempre adorei seus textos mas de um tempo para cá, os verbetes dos signos têm sempre um tom de advertência, censura, alerta, muito chato. Sem contar que o texto do meio, que sempre foi filosófico e abrangente, hoje me pareceu oportunista. Claro, o tema era, veladamente, o caso de Silvio Santos. Quiroga, oportunamente, disse que estamos vivendo um 'breve ciclo' em que será 'difícil separar a verdade da mentira'. Hã hã. E que temos que optar entre seguir o coração e a televisão.

Não vou falar do coração, mas da televisão, sim. A televisão foi criada pelo homem, endeusada pela sociedade, solidificada pelos rentáveis negócios de transmissões esportivas e hoje, manda em todos nós. Somos todos escravos das transmissões de TV. Ajusta-se horário de jogo real em função da cobertura. Mais, muda-se as regras do jogo em função da grade das emissoras!

Hoje, teve jogo de vôlei Brasil e Czecoslovaquia (como será que se escreve isso de cabeça, sem consultar o google). A partida vai até 25 pontos e não tem rodízio, acho que há dois anos. Por quê? Por causa da televisão. Demorava muito. A tv, dita as regras dos jogos.

Leio também no jornal que, a explicação para o fenômeno Harry Potter é que a sociedade está infantilizada. O texto é infantil, a narração é de uma criança de 11 anos. Temos todos 11 anos. A sociedade virou isso, uma criança impúbere.

E que acredita em qualquer mentira. E que insiste em ter razão. E que, muitas vezes, é inocente em sua juventude. E graciosa em sua puerilidade. E ignorante em sua breve vida.

Bom, se é isso mesmo, se a televisão manda e a gente obedece, se somos todos imbecis infantis lendo Harry Potter, se viramos adultos com idade mental de uma década, com licença: vou pegar meu ursinho de pelúcia, botar meu pijama de palhacinho e voltar pro berço.

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