A lição de dez reais
Tudo é relativo. Dez reais pode ser pouco, ou muito. Não dá pra pagar três horas de estacionamento no "Robocop", um prédio alto e metálico aqui em São Paulo, mas dá pra almoçar por quilo no Sweet Tomatoes, tomar água, cafezinho com petit four e jujubas na saída.Com troco. Dez reais é pouco pro garçon num jartar fino mas é muito pra dar de esmola pro menino que faz malabarismos com bolas de tênis.
Nossa sociedade é tão louca e esquizofrênica, tão injusta socialmente, que por dez reais há homens que matam e meninas que se prostituem.
De qualquer forma, muito ou pouco, ninguém em sã consciência pega uma nota de dez reais e rasga-a. Rasgar dinheiro sempre foi definição de loucura.
Ninguém vai jogar uma nota dez mangos pela janela, nem como papel picado nem dobrada como aviãozinho.
Não é preciso gastar argumentos ou latim para explicar por quê ninguém faz isso. Não fazemos. Nem com duas de cinco ou dez de um. Num acesso de raiva, talvez alguém arremesse dez reais em moedinhas na cabeça de um ex-marido, mas isso é cena de roteiro, não da vida real. Ninguém tem tanto trocado em casa.
Partindo-se portanto de que todos concordamos com esta premissa, vamos à analogia.
Se para ganhar dez reais usamos nosso tempo e energia vitais, deveríamos tratar as fontes geradores do dinheiro com o mesmo respeito. Mesmo que os dez reais venham da mesada dos seus pais, porque aí seriam o tempo e a energia vitais deles.
Assim, se alguém enche seu saco, manda um email pentelho, xinga você no trânsito ou faz uma macumba para atrasar sua vida, a reação deveria ser a mesma: não gaste tempo à toa.
Não atire sua vida pela janela.
Não desperdice sua energia com bobagens.
Tempo é dinheiro.
Dinheiro é energia.
Energia é vida.
Sabendo usar, não vai faltar.