10/29/2003

NÃO SEI
Não sei a palavra exata. Coisa rara. Sempre procuro, procuro até achá-la, a palavra exata. Seria angústia se ficasse dentro do peito, mas ela está do lado de fora também. Seria uma depressão coletiva se estivesse só nas pessoas. Mas está no ar seco e pesado. Está no clima sem chuva, na seca, nos reservatórios vazios.
Está no povo desempregado, está nos filhos revoltados, está nas mulheres confusas e cansadas, está nos homens que não encontraram seus sonhos.
Talvez esteja nos astros, certamente está no cosmo, porque tudo o que existe dentro dele está.
Está num texto de Mario Lago, sobre o qual já escrevi, um texto que reescrevi com as palavras que lembrei. É aquela chuva fina de sofrimentos que cai sobre todos nós, uma chuva que vem de uma grande nuvem de tristezas de pessoas de todos os pontos do mundo, uma chuva chorada desta nuvem de mágoas, é isso, são as águas das mágoas.
As águas das mágoas umedecem nossos olhos e de repente, a gente se vê com vontade de chorar.
A gente toma o remédio e a fé na melhora, nos faz melhorar.
A gente toma um café e a cafeina nos faz acreditar que melhoramos pra valer.
Mas aí a gente olha no espelho da alma e vê que a dor não passa.
Porque tem função.
A dor da alma serve pra relembrar o coração
da gente
que viver é uma missão permanente.
Não dá pra não olhar pro lado,
não dá pra passar ao largo do próximo,
não dá pra deixar pra lá ou pra depois.
Só há um remédio pra tudo, e é o amor.
Amor próprio, amor pelo próximo, amor por todos.
Recupere sua capacidade de amar.
Ela está em você, em algum lugar.
Se for preciso chorar para acordá-la, chore.
Faça o que for preciso.
apenas, não demore.
Se você não conseguir achar o amor,
ore.
Hoje é um dia em que todos precisamos de ajuda.
Se tiver pra dar, dê.
Se precisar, peça.
Com o amor só tem um regra: não meça.
Dê todo amor que tiver.
Porque é da entrega
que mais amor
nascerá.
Ame.
E deixe-se amar.


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