1/28/2003


Deus salve
as faxineiras e faxineiros

Tomei a decisão mais acerta para esta terça feira: não fui para o trabalho.
O que não significa que não tenha trabalhado. Trabalhei muito, dobrado, da hora que acordei, até agora,
alternando tarefas mecãnicas, intelectuais, criativas
e faxina dura até a exaustão física. E tem mais, ainda não terminei. Tenho textos para entregar esta noite.
Durante o dia, escrevi e fiquei online com a Synapsys, via icq, email, telefone e Nextel. Embora a vida sedentária
não seja boa pra ninguém, a opção bunda-na-cadeira pareceu uma sábia alternativa aos trinta e três pontos de
alagamento da cidade e o trânsito caótico.
Quando finalmente terminei as tarefas de texto da agência, resolvi botar ordem na casa.

Minha casa, que é um apartamento, está em reforma. A bagunça é geral. Pra poder fazer o piso,
o teto, a pintura de um quarto, tudo o que estava dentro foi remanejado pro resto do espaço.
Pilhas de caixas com tralhas, fundos de armário, enfim, uma coisa horrorosa.
Pois consegui colocar tudo de volta sozinha para o quarto, transformando meu hercúleo trabalho
em exercícios de academia.
Além do levantamento de peso tradicional, fiz muito,
muito leg press.
Caixas imensas cheias de livros, que só saíam do chão se empurradas com os pés. Fui fazendo leg
press pelo corredor até chegar ao quarto. Outras, tive que carregar até um tapetinho comprido para depois
uxar o mesmo, enquando encolhia e segurava o abdômen. Duas horas depois, eu estava quase chorando
de cansaço e alegria, pedindo a Deus para iluminar e proteger todas essas mulheres
incríveis que são as faxineiras que além de fazer dez vezes o que eu fiz, todo santo dia, ainda pegam
quarto ou cinco conduções, trem, para ganhar pouco e morar mal. Isso quando o marido não bebe
e os filhos dão problema. Santas, verdadeiras santas.
Aliar feminilidade ao serviço pesado e bruto da faxina é coisa pra canonização.
Depois de um banho gelado para recuperar a minha existência, maridão chegou e eu, orgulhosa
mostrei o produto do meu esforço. Um beijo e um largo sorriso me compensaram.
Agora, posso sentar e completar o que falta, a coluna 'Palavras' da Revista dos Curiosos que
graciosamente escrevo para a editora do gentil e competente Marcelo Duarde, jornalista e escritor,
casado com minha querida amiga Maysa Zakzuk, que cresceu e
floresceu de produtora a diretora dos infantis da TV Cultura.
Preciso fazer um outro post, já já.
Beijos!

Nenhum comentário: