4/20/2003

Sem sono
Tricotando sem parar, recuperando o traquejo e o tempo sem praticar a arte. E, ao mesmo tempo, tricotando comigo mesma os pensamentos. Eu sei que não funciona, mas todo mundo faz isso, criar discursos para um momento em que vamos ter que dizer algo a alguém. Não funciona nunda, mas a gente se distrai antecipando a fala.
O texto que estou preparando tem a ver um pouco com o que o Paulo Coelho está falando na Band, numa entrevista ao Mitre e amigos. Eu sempre quis ser escritora. Mas ainda não sou. Eu quero viver de escrever. Quero escrever livros e viver disso.
Na verdade, preciso antes dizer um não. Não à televisão. Não é negar o que já fiz, é abrir mão do que estou fazendo e do que poderia vir a fazer.
Posso continuar trabalhando com tv, já que tenho experiência na área. Mas eu tenho que, definitivamente, abrir mão de ser apresentadora. Não nasci para o áudio e vídeo, meu habitat é o das palavras.
De alguma forma, meu caminho é ser fisicamente invisível. Em vida.
Estou aproveitando minhas forças, o descanso do feriado, para internalizar essa decisão.

Acabei de fazer um filme de 3 minutos, bem caseiro, um clip de imagens familiares com uma música muito antiga, muito bonita, do Crosby,Still, Nash & Young, "Our house". Meu filho tirou sarro da melodia, meu marido não fez nenhum elogio ao clip, minha filha achou simpático. Mas eu, adorei. E é esse sentimento de felicidade que a gente sente quando fez algo bonito, embora o mundo nem ligue, que eu quero buscar em mim.
Preciso ter minha alegria de volta.
Preciso redescobrir as coisas mais simples que eu não sei fazer.
Imagine, que, deitada na rede, ontem à tarde, me permiti fazer um filminho em sonho. Talvez todos os atletas sonhem com o pódio antes da competição. Talvez se imaginem subindo e segurando a taça ao som dos aplausos. Deve ser normal sonhar com esse momento, já que tanta gente prepara listinha de agradecimento do Oscar. Essas pessoas, devem sonhar com a possibilidade real de subir lá no palco e pegar a estatueta.

Boa noite e até amanhã, quando volto para São Paulo.
Para retomar os rumos da minha própria vida.

Penso. Blogo. Existo.

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