Procurando uma fita de vídeo perdida na casa em busca de imagens da infância do meu filho, encontrei um outro VHS, com uma entrevista que fiz com o 'papa do marketing mundial', Al Ries, quando trabalhava como repórter do programa Business do João Dória Jr., que ainda não tinha sido elevado á categoria de Show.
Enquanto meu marido procurava as imagens em fast forward, vi uma outra entrevista que fiz com o presidente de uma empresa de locação de automóveis. Fiquei surpresa. Eu estava tão bonita, tão bonita. Tão jovem, tão magra, tão cheia de vida, tão...bonita.
Jamais me ocorreu que um dia eu fui de fato, bonita, engraçadinha, atraente e só agora, que estou de meia grossa de lá, calça larga e velha de moletom, uma camiseta que não cabe mais no meu filho que vai fazer 15 anos, de óculos, com 46 anos me sentindo a mais unattractive das mulheres do vestiário é que descubro que... eu fui bonita??!!
E o pior, ninguém nunca me disse. Meu marido, ali ao lado, mudo, olhando as imagens, balbuciou apenas um ' o tempo passa...', tentando expressar sua surpresa sem me deixar triste ou chateada.
E eu, só conseguia perguntar pra ele... 'mas por quê você nunca me disse que eu era bonita? olha como eu estou nessas imagens....!'
Mas ele sempre achou, disse... Achou? Mas nunca disse.
Nunca disse.
E agora...ficou tarde demais...!
Pronto, olha como mulher com TPM é. Chora.
Chora e ri.
Chuva e sol.
Sem contar que estou ouvindo Ne me quittes pas com a Maysa no fone de ouvido.
Resumo da ópera: eu era bonita e não sabia.
Agora não sei se tento voltar a ser como eu era ou se assumo meu papel de tia.
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