BOCA DO INFERNO
Depois da fama, a maledicência. A TV Globo é a grande geradora de temas da mídia. A gente pode concordar, discordar, gostou ou detestar, mas não pode negar o fato. Tá na Globo, é assunto. Pra todas as outras emissoras. Antes, as concorrentes disfarçavam e não tocavam nos assuntos trabalhados pela Globo. Hoje, não apenas as concorrentes comentam como passam horas de sua programação comentando programas e novelas da vizinha.
No momento, a novela Celebridades discute a loucura pela fama, a vontade de aparecer a qualquer custo, a ilusão do sucesso fácil. Na próxima novela, o tema será a maledicência, o vício que todo mundo tem de falar mal dos outros. A maledicência é, não apenas praticada mas estimulada por todos. E o que é mais louco, é oficialmente considerada um pecado horrível. E todo mundo faz. O que torna a nossa sociedade totalmente hipócrita. Mas não vamos discutir a hipocrisia social num domingo às onze da noite, ninguém merece.
O importante, eu acho, é saber que a maledicência não é boa pra ninguém. Como a droga, ela dá a ilusão momentânea de prazer e a irreparável conseqüencia de destruição para todos. Como todos, tenho uma terrível inclinação literária, dramática e criativa para elaborar histórias e textos envolvendo a maledicência, uma coisa horrorosa e detestável. Tento minimizar a tendência através da consciência. De quando em quando, peço ajuda aqui (e sou sempre atendida), quando a vontade volta.
Hoje mesmo, já apaguei três vezes um pequeno post falando mal de uma pessoa. E, tenho certeza, se eu o publicasse ainda que de forma velada, todo mundo ía querer saber de quem eu estava falando. É 'gostoso' quando a gente vê algum assumidamente dizendo que não gosta de outro alguém. É a consagração do conflito. E, você sabe, o conflito é a base de todo drama, de toda tragédia. Não tem história sem heróis e vilões, sem conflitos.
Nesse momento, com a TV ligada, sinto-me estimulada a maldizer algumas pessoas que vejo. Mas não posso deixar que este estímulo cresça. Se eu não gosto do comercial, troco de canal. Se eu não gosto da apresetadora, zap! e estou fora. Dá muito menos trabalho apertar um botão do que escrever e publicar um post. OU então eu desligo tudo e vou ler.
E é isso que vou fazer. Estou louca pra ler Budapeste.
Pronto. Desliguei a TV.
Agora, desligar o PC.
Boa noite, obrigada e até amanhã.
E pensar em um caminho pra parar de maldizer.
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