11/05/2003

Bombados
Não sei se um dia todo mundo vai ser imortal mas certamente todos seremos paranóicos. A idéia de morrer sempre foi aterrorizadora para todo ser humano consciente de sua finitude, herança de culpa do casal zero, Eva e Adão, não necessariamente nesta ordem.

Nas últimas décadas, porém, o medo da morte caiu no ranking e para o topo foi o medo de envelhecer. Todo mundo faz de tudo para não envelhecer e não vai aqui nenhuma crítica, só a observação. Enquanto fica no ramo cosmético e até cirúrgico, dentro dos padrões científicos aprovados a coisa está sob controle da vigilância sanitária. Mas quando começa o tráfico de anabolizantes, as compras ilícitas pelo mundo afora, de todo tipo de bagulho que acelere o metabolismo e retarde o envelhecimento a coisa começa a assustar.

A onda há tempos é o hormônio de crescimento GH, mencionado novamente hoje por Heródoto Barbeiro na CBN. Ainda não se conhece todas as implicações desse consumo massivo por atletas e adultos maduros mas é o caso de estudar. Vai que dá certo, vai que o FDA diz que é inofensivo, vão botar GH dentro do refrigerante pro planeta todo.

Em segundo lugar, está o medo de engordar. Isso pra quem é magro, porque para o resto do mundo onde me incluo, a tradução do segundo lugar é o desejo de emagrecer. Que inveja me deu da Andréa Beltrão, tão linda, tão alta e tão magra. Malu Mader e Andrea Beltrão são meus padrões de beleza. Não gosta do tipo vulgar que se expõe demais, toda decotada, roupa apertada, sensual e libidinosa. Gosta da sensualidade classuda, do corpo esguio, de tudo um pouco no lugar certo, sem sobras pra todo lado, seja em cima, em baixo, atrás ou no meio.

Fato é que a vaidade tomou conta geral desse mundo das imagens, onde o único texto que interessa é o nome da griffe com suas poucas e complexas combinações de letras.

Se não há espaço nesse mundo para a gente ser o que é, para ser aceita sem ser ofendida por não se encaixar nos padrões, a vingança será a riqueza: vamos ganhar dinheiro nesse mundo então.
É o que tenho feito. É o que não tenho conseguido. Mas estou me divertindo, aprendendo, crescendo e achando até que nenhum dos dois lados estava tão errado assim. Nem eu sou tão cabeça quando imaginava nem o mundo é tão frívolo quando a mídia anuncia.

Sempre, sempre, sempre, o caminho do meio.
Que me desculpe o Leão da Montanha mas, definitivamente, a saída não é pela direita.

Bom dia.

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