4/01/2003

Correr na rua e na esteira
Sempre quis ter uma daquelas esteiras lindas, poderosas, eletrônicas. Mas minha vida, meu apartamento, e meu orçamento não comportam uma Life Fitness. Seria bom para dias de chuva, noites inseguras, momentos de preguiça de sair de casa para correr.l Mas a esteira não substitui a rua. Se a esteira ajuda o corpo a entrar em forma a corrida da rua além de fazer a mesma coisa, também alivia a alma e exercita a compaixão.
Ver mendigos e bêbados, dormindo nas sarjetas, nos bancos de praça, ver mães amorosos com seus bebês ao sol, babás profissionais empurrando carrinhos, ver o homem que vende mamão e banana, o que vende côco, traz variedade para os olhos e para o coração. Conhecer os rostos dos que acordam cedo, dos que trabalham, dos que esperam cansados pelo ônibus, dos que dirigem seus carros, todos, esperando o mesmo sinal verde abrir o movimento para que continuem suas vidas, é essencial.
Claro que ver TV a cabo fazendo exercícios na sala também é legal. Claro que é um sonho ter uma academia em casa. Mas é só um sonho. A rua está lá. Com cachorros, gente perdida pedindo orientação, gente atrasada perguntando as horas, gente maluca, gente. Policiais observando a rotina, meninos na banca entregando revistas, tudo é bom de ver.
Encontrar gente conhecida, ser reconhecida pelo jornaleiro, ficar instantaneamente apaixonada por um poodle simpático, desviar de um cara suspeito, é ginástica de cidadania.
É respeitar as diferenças e ter amor ao próximo.
Adoro correr na rua.
Hoje, tive um caso de 6 quilometros de amor com a rua e o povo.
Estou feliz.

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