1/07/2004

à la carte

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A essas alturas, não vou me questionar quanto à validade ou não de ficar postando sobre meu cotidiano no litoral. Adoro assistir filmes baseados em fatos reais e, bem, estes SÃO fatos reais. Sem contar que blog, como forma curta de weblog, nasceu dos diários de bordo. Nada mais adequado postar num blog quando se está na praia. Então, galera, remem!

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O mar estava frio, a praia estava chata e a areia estava cheia de fragmentos de água viva. A melhor coisa do dia foi ver um siri pegando onda. O bichinho ficava esperando a onda chegar na areia, pegava uma carona, deslizava e voltava com a maré. Quase o ouvi dizendi iuhuuu!. Na linguagem das adolescentes, o siri era muito fôfo. Na dos marmanjos, irado.


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Estou super amiga da minha frigideira. Só hoje, já refoguei brócolis com alho nela, lavei-a e sequei-a, fiz o molho do spaghetti do marido, lavei-a e sequei-a, aqueci os últimos raviolis, lavei-a e sequei-a. Quer dizer, a gente não se beijou na boca mas estamos ficando.

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Hoje eu me superei no trabalho escravo culinário: servi tudo à la carte. Atendendo a poucos pedidos e muitas ameaças, fiz spaghetti in bianco para o marido, sanduíche de salada de atum para a filha, risoto com brócolis e nuggets assados para o filho e ravioli al sugo para mim. O marido toma guaraná diet, a filha, pepsi twist, o filho chá gelado com pêssego e eu, água. Quando o almoço terminou, lá estava eu, diante de um mar de pratos, potes, panelas, travessas, talheres. Minha única arma contra todos esses monstros que querem me engolir é uma esponja, detergente e muita estratégia. Cozinhar e lavar exigem muita estratégia intelectual.No kidding.


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Primeiro, elejo uma travessa que vai abrigar todos os talheres sujos, as armas brancas. Recolho-os e mantenho-os alinhados pelos cabos, soldados e sargentos. O general, sou eu. Em seguida, empilho todos os pratos e travessas que ficaram apoiados naqueles pares de dentes do escorredor de louça. O monstro 3 é composto de todos os copos e vidros sujos, que enfileiro como um pequeno exército ao lado da pia. Por último, a artilharia pesada, as panelas, o equipamento bélico propriamente dito. Isso feito, começo limpando bem a pia e preparando detergente e esponja. E assim, com todo garbo e galhardia, enfrento a sujeira, com muita água, disposição e fé, colocando como objetivo um cafezinho no final de tudo, como recompensa. Ao terminar, recolho o lixinho da pia, o lixo da cozinha e coloco tudo na grande lata de lixo da casa. Amarro o saco, coloco-o fora de casa, e reponho todos os sacos dos lixos correspondentes. Não seco a louça. A gravidade e o vento fazem isso por mim. E, para celebrar, tiro o avental, escovo os dentes e tomo banho. Viver é lutar.


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