Torcendo pra não dar certo
Uma vez fui tomada de assalto (bonito isso) por uma reflexão: talvez eu não queira ser feliz. Talvez por isso tantas vezes, fiz de minha vida uma ópera italiana, um drama grego, um inferno de Dante. Talvez seja mais cômodo acostumar-se à infelicidade do que lutar para ser feliz de fato.
Talvez seja culpa da natureza, da Física que a descreve, já que a entropia prova que é mais natural que um perfume se evapore, que um colar de contas caia e que as gavetas de meias se desarrumem do que o movimento inverso (moléculas de perfume não volta para o frasco, contas não se unem espontaneamente para formar o colar e as meias não se organizam na gaveta por livre arbítrio)
Só sei que más notícias vendem mais, acidentes na estrada chamam mais atenção, e as fofocas movimentam milhões em mídia.
Assim, agora, quando vejo a manchete na capa do UOL "Dólar cai 3,1% e fecha vendido por R$ 3,755 " fico feliz com o mercado e infeliz com os jornalistas, porque para dar um azedume a este pequeno retrocesso na má notícia, tinha que ter o comentário " moeda subiu 24,75% no mês". É quase como dizer: "você ganhou um cachorrinho de presente, mas não esqueça que ele vai morrer um dia, hein!.
Algumas pessoas, ou parcelas da população não tem vocação para a felicidade. Precisam alimentar-se da escuridão e da umidade, onde cresce o bolor, o fungo, o verme. E eu, aqui, leonina, partilhando com você, querido leitor, a beleza de ensolar o mundo...
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