5/25/2003

Vida Online
Quando eu era adolescente, e os pterodáctilos voavam livres (brincadeira, os pterodáctilos nunca conviveram com os homens. ou mulheres), vi um filme sobre o que seria o futuro, em plena década de 70, numa escola de Toronto, Ontario, Canadá.
O futuro doméstico tinha uma casa de classe média, totalmente controlada por um computador central. O conceito de Internet não existia mas o bem estar e a comunicação eram prioritários.

Lembro de uma cena em que o homem, pela manhã, antes do trabalho, ía para a sala de ginástica e se pesava. O computador acusava um aumento de peso e a partir daí listava uma série de exercícios e uma dieta balanceada. Ele fazia a esteira, os abdominais e quando terminava, o computador avisava (ou algo assim...) que ele já podia tomar o café. Ele ía até a cozinha, abria uma portinhola que parecia algo entre a porta de um microondas e um driver de pc, e pegava o café da manhã com as calorias contadas.

A mulher, fazia compras numa janela de computador, onde as vitrines íam passando e ela ía escolhendo com a filha. Não era uma janela de um computador ligado na Internet mas hoje, é assim que seria.

O futuro daquela época era o ano 2000,que já passamos há três anos. Mesmo não sendo exatamente daquele jeito, é bem parecido.

Agora, por exemplo, fiz duas coisas que só foram possíveis pela rede. Primeiro, comprei um presente nas lojas Marisa para minha mãe. Peguei o endereço correto no guia de assinantes da telefônica. Procurei o cep correto no site dos correios . Entrei no site das lojas Marisa . Fiz a compra, expedi o boleto bancário, entrei no meu banco e nem me dei ao trabalho de digitar o número do boleto: como ambos estavam online, foi só ir sombreando e arrastando os grupos de números do boleto para os campos do pagamento online. Imprimi tudo para comprovar e, pronto.

Em seguida, fiz compras no pão de açúcar pelo delivery, para entregar de presente, escolhi as compras, paguei online com um cartão seguro (ainda mais depois de ter sido clonada, agora todo mundo está me tratando com o máximo de segurança...) agendei o horário da entrega e pronto. Imprimi a lista e o comprovante. E liguei para o 0800 só para tirar uma dúvida.

É claro que ao fazermos isso estamos, de uma certa forma, vivendo um privilégio do sonho da clásse média. É verdade, e é bom. Além disso, por mais que nos acusem de estarmos roubando o trabalho da moça da loja, estamos gerando trabalho no segmento que mais tende a crescer, o de serviços. São pessoas que recebem e selecionam o pedido, pessoas que embalam, que carregam o caminhão, motoristas que entregam e descarregam. São bancários que compensam o pagamento, são funcionários das empresas de cartões que processam os dados.

São pessoas que recebem felizes seus presentes em casa.
E eu, aqui, pronta pra continuar, trabalhando.
Mas é isso mesmo. Para poder ter esse privilégio de mandar presentes online, venho trabalhando de 2a. a domingo, nos últimos, digamos... 30 anos.
Mas isso fica pra outra hora.

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